Facebook desmantela novas redes de desinformação política vinculadas à Covid-19
Os responsáveis por essa operação coordenavam suas ações através do aplicativo de mensagens Telegram
Meta, a empresa matriz do Facebook, informou nesta quarta-feira (1º) que desmantelou redes maliciosas que utilizavam discussões sobre vacinas para assediar profissionais e semear divisões na sociedade, um sinal de que a desinformação relacionada com a pandemia continua circulando.
"Insultaram médicos, jornalistas e legisladores, qualificando-os de partidários dos nazistas porque promoviam vacinas contra a covid e assegurando que a vacinação obrigatória levaria a uma ditadura sanitária", explicou em entrevista coletiva Mike Dvilyanski, diretor de investigações sobre ameaças emergentes do Facebook.
Dvilyanski se referia a uma rede vinculada ao movimento antivacina denominada "V_V", à qual a companhia californiana acusa de realizar uma campanha de intimidação e assédio maciço contra figuras destacadas da saúde, dos meios de comunicação e políticos em Itália e França.
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Em particular, os responsáveis por essa operação coordenavam suas ações através do aplicativo de mensagens Telegram, no qual os voluntários obtinham acesso a listas de pessoas que seriam alvos e a um "treinamento" para evitar a detecção automática por parte do Facebook.
Suas táticas incluíam deixar comentários nas mensagens das vítimas, ao invés de publicar conteúdo, e usar grafias ligeiramente modificadas, como "vaxcinati" ao invés de "vaccinati", que significa "pessoas vacinadas" em italiano.
A Meta reconheceu que é difícil avaliar o alcance e o impacto dessa campanha, que foi realizada em diferentes plataformas.
"Observamos o que parece ser um movimento populista tentacular que combina teorias conspiratórias existentes com narrativas antiautoritárias e uma torrente de desinformação sanitária", detalharam os especialistas da Graphika, uma empresa especializada em análise de redes sociais, em um relatório sobre a operação.
A gigante tecnológica também afirmou que desmantelou outra operação orquestrada a partir da China, que utilizava contas falsas para promover desinformação.
Os promotores dessa campanha amplificavam mensagens publicadas no perfil inventado de um biólogo suíço, que acusava os Estados Unidos de pressionar a Organização Mundial da Saúde (OMS) para culpar a China pelo coronavírus.
Além disso, alguns veículos de informação estatais chineses chegaram a citar esse falso biólogo.
"Era como uma galeria de espelhos, que refletiam sem cessar uma só personalidade falsa", descreveu a Meta em comunicado.
A empresa tecnológica encontrou vínculos entre essa operação e funcionários da empresa chinesa de cibersegurança Sichuan Silence Information Technology Co., assim como pessoas associadas com outras empresas chinesas especializadas em infraestrutura em todo o mundo.