Fachin diz ver operação na Vila Cruzeiro que deixou 25 mortos com "muita preocupação"
Ministro é o relator de uma ação na Corte que trata de medidas para o combate à letalidade em operações policiais
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, afirmou ver com "muita preocupação" a operação policial que resultou em no mínimo 25 mortes na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio. O ministro é o relator de uma ação na Corte que trata de medidas para o combate à letalidade em operações policiais, a chamada "ADPF das Favelas".
Em julgamento em fevereiro, a maioria do Supremo determinou ao governo do Rio a elaboração de um plano de redução da letalidade policial, a criação de um Observatório Judicial da Polícia Cidadã, a prioridade para a investigação de operações com mortes de crianças e adolescentes e a obrigatoriedade de ambulâncias onde houver confronto armado.
Fachin se reuniu nesta terça-feira, com com Luciano de Oliveira Mattos de Souza, procurador de Justiça do Rio (MP-RJ). Em nota após o encontro, ele disse ter confiança de que a decisão do Supremo será cumprida.
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"Ao procurador, o ministro demonstrou muita preocupação com a notícia de mais uma ação policial com índice tão alto de letalidade na data de ontem, mas informou que soube da pronta atuação do Ministério Público e que tem confiança de que a decisão do STF será cumprida, com a investigação de todas as circunstâncias da referida operação", diz a nota divulgada pelo gabinete do ministro do STF.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu na terça-feira um procedimento investigatório criminal para apurar as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação conjunta do Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. O Ministério Público Federal (MPF) também investigará a participação dos agentes da PRF na ação que resultou em ao menos 25 mortes, entre elas a de uma moradora.
A PRF atribui à atuação da facção em roubo de cargas o principal motivo pelo qual a corporação se uniu à PM na operação policial que resultou em no mínimo 22 mortes na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio. A PRF atuou com 26 agentes e 8 carros blindados no local, e a operação é considerada a segunda mais letal da história, atrás apenas da operação no Jacarezinho, no ano passado.