Falsa vidente e pai são presos por envolvimento em golpe milionário com obras de arte
Os dois foram encontrados pela polícia em Saquarema, na Região dos Lagos. Vítima levou um ano para procurar a polícia
A Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) prendeu a falsa vidente Diana Rosa Stanesco, de 37 anos, nesta terça-feira (16), em Saquarema, na Região dos Lagos. O pai de Diana, Slavko Vuletic, também foi alvo da Operação Sol Poente. Os dois estavam foragidos da Justiça e são acusados de envolvimento no golpe que lesou uma idosa de 82 anos em R$ 725 milhões, após roubo de obras de arte.
Com histórico de investigações, grupo de videntes que aplicou golpe em idosa atua há duas décadas, mas raramente tem patrimônios declarados em seus nomes. Os carros de luxo, por exemplo, são comprados nos nomes dos parceiros. Grupo foi indicado por associação, estelionato, roubo, cárcere privado e extorsão. Só quase um ano depois de sofrer maus-tratos pelo bando e pela própria filha, idosa de 82 anos decidiu ir até a Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) fazer a denúncia.
— A idosa se dizia vítima de um grupo de videntes que, juntamente com a filha, havia a mantido em cárcere privado. Nessa narrativa, ela disse que foi abordada por uma vidente, que disse que a filha tinha uma doença incurável e iria morrer. Como ela é mística e acredita no sobrenatural, e porque a filha sofre de depressão desde a adolescência e tinha tentado se matar, ela parou para escutar e seguiu com essa pessoa — disse o delegado titular Gilberto da Cruz Ribeiro.
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Essa primeira vidente era Diana Rosa que, em seguida, levou a idosa para a casa de uma segunda vidente. Juntas, elas prometeram afastar o mau agouro, e começaram a perguntar onde ela morava, se tinha posses. E foi aí que a vítima começou a desconfiar.
— A Diana prometeu uma terceira vidente, a Rosa. Esse vidente disse que sabia que ela tinha posses, que morava em Copacabana, que ela tinha quadros de obras de arte e que ela poderia pagar pelo trabalho. Por conta disso, ela acreditou no dom da mulher — disse o delegado. — A mãe ligou para a filha que pediu para ela pagar o que fosse para ela não morrer. Em duas semanas, ela fez uma transferência de R$ 5 milhões. Nesse meio tempo, a filha voltou a morar com ela, em Copacabana, e demitiu todos os funcionários. Ela não podia se comunicar com ninguém a pretexto da pandemia.
Foi quando as agressões começaram.
— A partir daí ela passou a sofrer todas as agressões querendo dinheiro. Como ela não fez, a filha e a Rosa passaram a levar quadros a pretexto de oração. Eles levaram 16 quadros e R$ 6 milhões em jóias e relógios. No final, a idosa fez transferência de R$ 4 milhões para o Gabriel, filho da Rosa.
Num determinado dia, a filha da idosa saiu e ela acreditou que a idosa não sairia. Ela tinha uma chave reserva, foi para a casa de uma amiga, se recuperou e voltou para casa com pessoas que ela contratou para fazer a internação da filha. Quando ela soube, a filha foi embora não querendo a internação. A idosa trocou a chave das fechaduras, proibiu que ela entrasse e desde então, elas não se viram mais.
— O que temos e que podemos concluir é que, os advogados da Sabine disseram para os advogados da idosa que a filha estaria vivendo em uma união estável com a Rosa. Encontramos a Sabine, a filha, na casa da Rosa — ressaltou o delegado. — Esse grupo trabalha individualmente, brigam entre si, mas como eles precisavam de um enredo. São todos patentes e têm origem cigana. Mas, quem faz o trabalho de adivinhação são as três mulheres.
De acordo com o delegado, as videntes têm inquéritos quase repetitivos.
— Ao longo de 20 anos, elas têm vários registros. Elas têm o hábito de depositar os dinheiros na conta de terceiros. Elas raramente têm patrimônios nas contas. A Rosa coloca o patrimônio no nome dos filhos, a Diana no nome do padrasto, etc. Os carros de luxo são comprados nos nomes dos parceiros.
Eles foram indicados por associação, estelionato, roubo, cárcere privado e extorsão. Os exames periciais precisam ser complementados e a polícia segue na tentativa de prender os foragidos e na operação para que os quadros vendidos voltem para o acervo pessoal da idosa.
— Ela levou quase um ano para fazer a denúncia. Ela foi na nossa delegacia no primeiro semestre de 2022. Ela estava muito amedrontada e estava com o sentimento de mais de como vai denunciar a filha — disse o delegado. — O idoso é vulnerável e quando ele tem muito patrimônio, ele fica mais exporto ainda. Eu já vi vários casos pitorescos, mas esse foi um dos casos que consegui desempenho .
A investigação resultou em seis mandados de prisão. Durante a investigação, Ronaldo faleceu. Hoje, duas pessoas estão foragidas: a Diana e o Slavo.
— Cumprimos mandados em 14 locais. Mas, a operação se concentrou na casa da Rosa. Encontramos ela, o Gabriel e a Diana. Encontramos várias obras extraviadas escondidas lá — confirmou o titular.
A idosa recebeu a informação que tinha cinco obras em uma galeria de São Paulo. Ela conseguiu recuperar três e duas foram vendidas para o MALBA. Precisamos confirmar essa informação. Ainda não entramos em contato com o museu para saber se isso aconteceu. Estamos em contato com o pessoal da galeria.