Família busca ajuda para encontrar menina que desapareceu em Olinda
Julia França do Nascimento saiu de casa desde o início da manhã de terça-feira (21)
As imagens do circuito interno de imagens do condomínio Enseada do Atlântico, na na Rua Coronel João Alexandre de Carvalho, em Jardim Atlântico, Olinda, mostram quando a pequena Julia França do Nascimento, de nove anos, sai, sozinha, no início da manhã da última terça-feira (21). Desde então, a menina não retornou para casa, causando apreensão na família, que registrou o desaparecimento e, em paralelo, faz rondas com cartazes e campanhas na internet em busca do paradeiro dela.
Julia mora com os pais e um irmão, de 11 anos. A família se mudou recentemente para o endereço e não conhece muitas pessoas nas proximidades do condomínio. Na terça-feira, quando Julia saiu de casa, às 5h30, o pai e o irmão estavam dormindo. A mãe havia saído ainda de madrugada para garantir um lugar na fila de uma das agências da Caixa Econômica Federal.
“Tive uma noite intranquila e notei quando Julia levantou ainda de madrugada, com a luz apagada. Mas ela me viu mexendo no celular e voltou para deitar. Não podia desconfiar que isso fosse acontecer”, disse Patrícia França do Nascimento. A família recorreu às imagens do circuito de câmeras do condomínio para tentar descobrir o que pode ter acontecido.
As imagens mostram quando Julia aparece, sozinha, na área de garagens, se dirige ao portão de entrada do prédio e sai caminhando. Não é possível acompanhar o trajeto da menina porque as demais câmeras de segurança instaladas nesta rua são todas viradas para o lado oposto ao qual ela saiu. "Acho estranho, e a polícia também está achando, é uma criança de nove anos, uma criança tranquila, calma, agir desse jeito, com tanto detalhe. É como se ela tivesse sido induzida por alguém. Mas não fazemos ideia de quem”, disse Patrícia, revelando que a filha não tem acesso a redes sociais e o uso da internet é monitorado tanto com ela quanto com o irmão.
“Trabalhamos com crianças, sabemos o quanto a internet vicia. E que a internet pode ser usada para coisas boas, mas também para coisas ruins. Então sempre tivemos esse cuidado. Deixamos eles assistirem algumas coisas no YouTube, no Netflix, tudo adequado à idade”, explicou Patrícia, que, junto com o marido, atua na coordenação do Projeto Amigos, voltado ao apoio a crianças com câncer.
Segundo a mãe, Julia sempre foi muito tranquila e, inclusive, gosta de acompanhá-la nas ações do projeto. No entanto, estava diferente nos últimos dias. “Nas últimas duas semanas, percebi Ju bem diferente. Ela tava mais observadora, mais misteriosa, entrava no quarto. Eu sou antena sempre ao que eles estão fazendo, gosto de observar o comportamento. E esse comportamento de Julia me incomodou. Disse ao meu marido que estava notando isso. Talvez por conta desse isolamento social. A avó do meu marido morreu de Covid-19, perdi muitas pessoas com essa doença. Na área de lazer do condomínio não era permitido que as crianças ficassem. Tudo tinha que ser dentro de casa. Ela só estava descendo para passear com nossa cadelinha. Um dia descia ela, no outro descia o irmão. A minha hipótese é como se ela estivesse saturada dessa situação”, revelou Patrícia.
"Ela fez uma bolsa como se fosse passar uns dias na casa de alguém. Mas ela não conhece ninguém aqui, a gente morava no Janga, nos mudamos durante a pandemia. Talvez esse isolamento tenha mexido com ela. Sou muito observadora com tudo dela. Fui logo olhar a bolsa dela. Não estava. Ela levou todos os vestidos que ia para a Igreja, calça comprida, blusão de frio. Levou sandália de ficar em casa e a sandália que mais ama usar para sair”, completou. A mãe contou ainda que ela levou o telefone celular e o carregador do pai, mas que o aparelho está sempre desligado.
A família disponibilizou um telefone para quem tiver informações sobre Julia. O número é o 81-99842.2987. Patrícia disse ter recebido informações de que ela foi vista, ainda na terça, por volta de 6h30, perto do Flat Quatro Rodas, em Olinda. Depois, teria sido vista também nas proximidades da Igrejinha de Rio Doce, também em Olinda. Em ambas as vezes, os relatos são de que ela estava sozinha.
Na tarde desta quarta-feira (22), porém, a família recebeu a informação de que a menina teria sido vista acompanhada de um homem, em Abreu e Lima. “A pessoa disse que tinha visto ela passar ao lado, com um homem branco, de mais ou menos de 30 anos, gritando 'vamo, vamo, gamo’, e que, quando se aproximou, esse homem se apressou, arrastando ela, e pegou um ônibus”, relatou a mãe da menina. Durante a noite, outra pista apontada que Julia pudesse estar nos arredores da Vila Olímpica, novamente em Olinda.
"Já não tenho mais lágrima e não consigo nem falar. Torci meu pé há uns dias e o médico suspeita de trombose. Ela sabia. Ela disse 'mamãe, eu te amo para todo sempre'. A gente não come, não dorme. A vontade é andar 24 horas até encontrar. Tenho que ficar em repouso, mas não consigo. A dor no coração é muito maior. A gente só pensa no motivo de Julia ter feito isso, de não voltar para casa, em como ela está”, disse Patrícia. O caso está sendo acompanhado pela Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA).