GUERRA

Família de brasileiro desaparecido ainda não sabe se ele foi morto ou sequestrado pelo Hamas

Michel Nisenbaum sumiu após os ataques do dia 7 de outubro; irmã diz que carro foi encontrado incinerado e que família vive angústia de não saber seu paradeiro

Mary Shohat (esq), de 64 anos, ao lado da mãe, de 87 anos, e de Michel, de 59, que está desaparecidoMary Shohat (esq), de 64 anos, ao lado da mãe, de 87 anos, e de Michel, de 59, que está desaparecido - Foto: Arquivo pessoal

Desaparecido desde o dia 7 de outubro, o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum chegou a ser apontado como um dos sequestrados pelo Hamas durante o ataque que foi o estopim para a guerra entre Israel e o grupo. Mas, após 52 dias, a família vive a angústia de não saber se ele é mesmo um dos sequestrados ou se foi morto naquele dia, relata a irmã de Michel, Mary Shohat, ao Globo.

— O notebook dele foi localizado em Gaza, por geolocalização, por isso as autoridades israelenses acham que ele também está lá. Mas não temos 100% certeza que ele está sequestrado. Dizer para a gente que o notebook está na Faixa de Gaza não significa que ele esteja na Faixa de Gaza também — diz Shohat, que trabalha como enfermeira em Israel, em uma cidade a 50 quilômetros de Gaza.

O último contato que a família teve com Michel, de 59 anos, foi na manhã do dia 7 de outubro, quando o brasileiro-israelense estava a caminho de uma base militar em Re’im para buscar a neta de quatro anos, que passara o fim de semana com o pai, soldado do exército israelense.

O último contato
Naquele dia, militantes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel por volta das seis e meia da manhã. Mary conta que a filha de Michel falou com ele por volta das sete horas da manhã. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:

—Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram "Hamas, Hamas". Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade.

Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol comunicou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores informou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.

Questionado pelo Globo a respeito de informações sobre o brasileiro, o Itamaraty diz que acompanha o caso, mas não irá comentar.

Início da liberação de reféns
Além do notebook que foi localizado em Gaza, as forças israelenses conseguiram encontrar o carro de Michel incinerado, há cerca de duas semanas. No contato mais recente com a família, representantes do governo de Israel comunicaram que haviam encontrado também o celular dele, que seria averiguado.

—Eles dizem que por enquanto não têm nada [de informação adicional] e que precisamos aguardar com paciência — conta Mary, sobre o contato que tem com as forças de Israel responsáveis pela busca de desaparecidos e de reféns.

O governo de Israel estima que cerca de 240 israelenses, estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade estejam sob poder do Hamas. Desde semana passada, negociações entre o grupo e o país têm levado a liberação dos sequestrados, em partes. A expectativa é que 50 sequestrados sejam soltos. Em troca, 150 palestinos detidos por Israel vão ser soltos.

A esperança da família de Michel é que os libertados possam dar pistas se ele está entre os que permanecem em cativeiro. Mary diz que, por um lado, fica contente em ver a liberação dos raptados. Por outro, diz que “muito doloroso” não vê-lo entre eles.

Com duas filhas e cinco netos - um deles previsto para nascer em setembro -, Michel e a irmã vivem há mais de 45 anos em Israel. Ele trabalha com computação e tinha começado há pouco tempo a atuar como guia turístico. Aos netos, a família diz que o avô está em um lugar perigoso e não pode falar. Mas que tem “muita gente boa procurando por ele, para trazê-lo de volta”, conta Mary.

Veja também

Governo investiga mais de 20 pessoas por incêndios florestais no Rio
incêndios florestais

Governo investiga mais de 20 pessoas por incêndios florestais no Rio

Julgamento de acusado de drogar mulher para que outros homens a estuprassem é novamente adiado
Justiça

Julgamento de acusado de drogar mulher para que outros homens a estuprassem é novamente adiado

Newsletter