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Família de menina vítima de estupro aceita participar de programa de proteção

Representantes legais da criança de dez anos submetida a aborto legal no Cisam vão participar de programa de apoio às vítimas de violência

Cremepe também vai investigar suposto constrangimento sofrido pela criança no CisamCremepe também vai investigar suposto constrangimento sofrido pela criança no Cisam - Foto: divulgação

Um dia após a alta no Recife e a chegada da criança ao estado natal, a família da menina de dez anos submetida a um aborto legal no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) - após ser abusada e engravidada pelo tio (já preso) desde os seis anos - aceitou participar de um dos programas de proteção oferecidos pelo Governo do Espírito Santo. Pelo programa, a vítima recebe apoio para mudança de identidade e endereço, não voltando a residir na cidade de São Mateus, onde morava. Nesta quinta-feira (20), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) abriu um expediente “ex-officio” para apurar suposta situação de constrangimento sofrida pela criança enquanto esteve internada.

Entre as duas propostas oferecidas, a família da menina aceitou entrar no Programa de Apoio e Proteção às Testemunhas, Vítimas e Familiares de Vítimas de Violência (Provita). Por envolver uma criança, a ação é sigilosa e, por isso, não foram dados mais detalhes. Segundo o site da Secretaria de Direitos Humanos do Espírito Santo, o Provita, que tem como objetivo proteger testemunhas e vítimas de crimes coagidas ou expostas a ameaças, prevê que os contemplados sejam retirados do local de ameaça e realocados em “novos espaços de convivência”. Também se oferece apoio para acompanhamento escolar e inserção em projetos profissionalizantes e culturais.

Ainda nesta quinta, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) entrou com uma ação contra um homem por divulgar dados da menina. Identificado como Pedro Teodoro dos Santos, o suspeito teria tido acesso ilegal a informações referentes ao caso e participado de uma manifestação em frente à casa da família, em São Mateus, no dia 15 de agosto. A extremista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, que divulgou os dados da crianças nas redes sociais, também está sendo processada pelo órgão. O MPES pede que ela pague R$ 1,3 milhão de indenização e Pedro Teodoro, R$ 300 mil.

Constrangimento
Segundo informações repassadas por um grupo de direitos humanos, dois médicos entraram no quarto da paciente e fizeram perguntas de teor íntimo à criança e à avó dela. A conversa, testemunhada pela assistente social que as acompanhava, teria se dado antes do procedimento de interrupção da gravidez. Os profissionais não estavam de plantão na unidade. Por meio de nota, o Cremepe informou que a apuração, regida pelo Código de Processo Ético-Profissional, corre em sigilo “para não comprometer a investigação”.

Já o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também se manifestou por meio de nota, dizendo que, com relação ao constrangimento relatado, a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, responsável por acompanhar o caso, ainda não recebeu nenhuma documentação sobre a denúncia, que será “devidamente analisada” quando for recebida. A instituição ressaltou também que, como a investigação envolve uma criança, o procedimento é sigiloso.

Padre pede desculpas
O padre Ramiro José Perotto, da cidade de Carlinda, no Mato Grosso, pediu desculpas após afirmar em uma rede social que a menina de dez anos “compactuou com o estupro”. A postagem foi apagada. Por conta da repercussão da frase, ele publicou uma nota dizendo: “Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão”. Depois disso, a conta foi excluída. O comentário havia sido feito após o padre compartilhar do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que criticava a interrupção da gravidez da criança, considerando o procedimento legal como “crime hediondo”.

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