Protesto pede que morte de enfermeira em colisão em Boa Viagem seja enquadrada como homicídio doloso
Acidente aconteceu no mês passado, em Boa Viagem
Quase dois meses após o acidente que matou a enfermeira Meridérnia Maria da Silva Lima, de 57 anos, amigos e familiares dela se reuniram em um protesto, na manhã desta segunda-feira (20), no Derby, centro do Recife, para pedir justiça.
Maridérnia era a motorista do carro de modelo Kwid que foi fortemente atingido por um veículo de luxo da marca BMW, no último dia 17 de outubro, na Avenida Conselheiro Aguiar, bairro de Boa Viagem. No veículo, estavam ainda uma criança de cinco anos e a mãe dela, de 25, e a irmã da enfermeira, Dalvanise Maria, também de 57 anos.
Os manifestantes pedem que o crime seja classificado como homicídio doloso, que é quando há a intenção de matar. Eles também pedem que a investigação seja feita pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e não na Delegacia de Delitos de Trânsito, onde está sendo tratado atualmente.
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Segundo o filho da vítima, Michel Lima, o condutor do veículo de luxo, Jeferson Xavier, que não tem habilitação, estava em alta velocidade. Segundo Michel, é cada dia mais difícil viver sem a mãe.
“Jeferson continua solto, enquanto a gente vem sofrendo com a dor de uma enorme perda. A dor da partida dela não passa. A gente vai ficando mais forte, consciente. Tem hora que a gente não come, só chora e não dorme. É um sentimento de injustiça total. Uma pessoa que foi tão boa ser tratada dessa forma é inadmissível”, disse ele.
A irmã de Meridérnia sofre as consequências do acidente até hoje. Segundo Michel, ela segue acamada e com a bacia fraturada. A mãe da criança que também estava no veículo teve uma fratura na clavícula e passou por cirurgias. A menina não sofreu lesão corporal grave, segundo o familiar.
Cunhada da vítima, Cléa Costa, questionou sobre o crime que o condutor da BMW deveria ser enquadrado. “Meridérnia estava a 30 quilômetros por hora. Quem viu as imagens alega que ele estava a cinco vezes mais. Ele assumiu o risco de fazer alguma coisa. Então, ao meu ver, é homicídio doloso”, revelou.
Quem trabalhava no Hospital da Restauração com a profissional, como a também enfermeira Tânia de Paula, foi só elogios sobre a colega.
“Foi uma grande perda que a gente teve. Uma pessoa maravilhosa, que ajudava todo mundo, e muito alegre. Não tem nem como dimensionar a grandiosidade de Meridérnia. Muito difícil para a gente. Fica uma tristeza enorme e nós estamos atrás de justiça”, acrescentou ela.
O que diz a Polícia Civil de Pernambuco?
Em nota, a PCPE afirmou que "o caso segue sob investigação por meio da Delegacia de Delitos de Trânsito e que os detalhes sobre as diligências serão apresentados após a conclusão do inquérito policial".
O que diz Jeferson Xavier, motorista da BMW?
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com o condutor do carro, Jeferson Xavier, por meio de ligações e mensagens no WhatsApp, mas até o fechamento deste texto, ele não se pronunciou.