Famílias apresentam versões conflitantes sobre morte de casal em Boa Viagem
O caso aconteceu depois que Ana Victória acabou o relacionamento na sexta-feira (7)
Um relacionamento controlador que se tornou uma tragédia. Uma narrativa repetitiva, mas que parece não cessar. Pelo menos é o que familiares apontam como a causa da morte da bacharel em direito e empresária Ana Victoria, de 29 anos. Ela foi encontrada em seu apartamento incendiado, em Boa Viagem, com o corpo do namorado, Murilo Gomes, no último sábado (7). Justamente na data que marca 15 anos da Lei Maria da Penha - criada para punir e coibir atos de violência doméstica. Apesar de todo o contexto apresentado por familiares e amigos da vítima, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) trabalha com a investigação por homicídio.
Na manhã de ontem, a jornalista Andréia Bauer, amiga de Ana Victoria, concedeu uma entrevista após familiares de Murilo apresentarem uma outra versão do crime. Ela disse que chegou ao apartamento após os bombeiros serem acionados para combater o foco de incêndio."A polícia oficialmente, que está ainda em trabalho de apuração, mas o que a gente sabe foi visto na hora. A mãe dela foi acionada por volta de 3 horas. Pelo que a gente conseguiu coletar de informações, ela tinha facadas no peito e o corpo estava no sofá carbonizado", explica a jornalista.
O caso aconteceu depois que Ana Victória acabou o relacionamento na sexta-feira (7), como ela havia afirmado a uma amiga e à sua mãe. Andreia afirma que eles saíram para um bar com um casal de amigos, beberam duas cervejas e voltaram para casa. "Acabou. Amanhã te ligo se puder. Mas acabou", foi uma das últimas mensagens enviadas por ela a uma amiga. Ela também afirmou que dormiria na casa da mãe, localizada a dois minutos do apartamento da Rua Padre Zuzinha, também estava com seu filho de 7 anos.
Relacionamento abusivo
O que precede o crime foi um relacionamento conturbado, como afirmam amigos da vítima. Ana Victória e Murilo Gomes começaram a namorar em setembro do ano passado, mas logo ele se apresentou como uma pessoa ciumenta e abusiva. Isso fez Ana acabar com o namoro há dois meses, porém reatou recentemente. "Foi um relacionamento muito rápido. Se conheceram e ele veio morar aqui. No início parecia um relacionamento normal, mas com o passar do tempo se tornou ciumento, extremamente controlador, foi afastando a família e os amigos. O filho dela tinha voltado para Paulo Afonso - a família dela é de lá -, tinha voltado recentemente. E é como se eles estivessem numa bolha", conta Andreia. Embora tenha os relatos dos ciúmes e violência verbal, ela afirma que a amiga não chegou a relatar agressões físicas.
Família de Murilo
Familiares de Murilo contestam a versão da família de Ana. Um irmão dele, que preferiu não se identificar, contou que ele teve outros dois relacionamentos anteriores e sem histórico de violência. "Até o momento a gente não tem informação da polícia. O que a gente pode dizer é que Murilo era uma pessoa calma, ela não teria capacidade. Ele foi casado três vezes, essa é a terceira vez que ele se casa, e não tem histórico de violência doméstica. A gente prefere se reservar quanto ao resultado da polícia", pontuou o irmão.
Durante a entrevista, ele chegou a citar que haveria possíveis problemas de Ana com álcool, drogas e psicológicos - fato que familiares e amigos dela desmentem. "Eles já tinham acabado há um mês e meio. Eu pedi muito para ele não voltar. Ele disse que precisava ajudar ela com os problemas", disse. O corpo do irmão, Murilo, foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML), o qual aponta a morte por asfixia. Já o de Ana Vitória necessita de mais tempo, porque foi carbonizado. A amiga estipula que pode ser liberado hoje ou amanhã.
Polícia investiga
A Polícia Civil de Pernambuco está investigando o caso. “A Polícia Civil de Pernambuco informa que está investigando um caso que aconteceu na madrugada deste sábado (7), no bairro de Boa Viagem, no Recife. De acordo com informações preliminares, dois corpos foram encontrados carbonizados em um apartamento. Os corpos seriam de um homem e uma mulher. Foi instaurado inquérito policial para apurar o caso, que está sob o comando da 3ª DPH”, afirmou em nota.