FARC reconhece crimes contra a humanidade em tribunal de paz da Colômbia
Oito comandantes de alto escalão da guerrilha mais poderosa da América do Sul foram indiciados por crimes contra a humanidade ocorridos entre 1990 e 2016
Líderes da dissolvida guerrilha das FARC na Colômbia aceitaram nesta sexta-feira (30) sua responsabilidade pelos crimes de guerra e crimes contra a humanidade relacionados ao sequestro de mais de 21.000 pessoas que o tribunal surgido a partir do acordo de paz lhes acusou.
"Reconhecemos expressamente a responsabilidade pelos tribunal na acusação" emitida pela Jurisdição Especial para a Paz (JEP), em 28 de janeiro, indicaram em carta sete ex-líderes rebeldes que assinaram o histórico pacto de paz em 2016.
"Os referidos acontecimentos e condutas consistiram em ordenar a captura e privação da liberdade, de forma prolongada, de civis e militares", acrescentaram.
Numa coletiva de imprensa virtual, os ex-guerrilheiros asseguraram que entregaram à JEP um documento com a aceitação formal dos crimes de que são acusados.
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"Também reconhecemos explicitamente as condições precárias e difíceis que enfrentaram as pessoas sequestradas pelas FARC (...), do sofrimento infligido de maneira injustificável às vítimas e suas famílias", declarou o agora senador Julián Gallo, também conhecido como Carlos Lozada.
Oito comandantes de alto escalão daquela que foi a guerrilha mais poderosa do continente foram indiciados por crimes contra a humanidade ocorridos entre 1990 e 2016, quando sequestraram 21.396 pessoas.
Entre esses comandantes estão Rodrigo Londoño, chefe do partido de esquerda Comunes, surgido a partir do acordo, e os deputados Pablo Catatumbo e Lozada, que ocupam duas das dez cadeiras no parlamento concedidas ao partido. Um dos acusados morreu em janeiro.
Esta é a primeira acusação da JEP desde a sua criação em 2017. O tribunal julgará os piores crimes cometidos em mais de seis décadas de conflito armado.
Durante sua longa e malsucedida luta pelo poder, as FARC recorreram ao sequestro de pessoas para fins econômicos e políticos.
Em julho de 2018, os líderes rebeldes começaram a responder individualmente ao JEP por este crime, um dos crimes mais repudiados pelos colombianos.
Em diferentes ocasiões pediram perdão às vítimas.