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SAÚDE

Febre oropouche: Ministério da Saúde explica o que é, os sinais e como se proteger da doença

Óbitos foram de duas mulheres jovens da Bahia, sem comorbidades, e registros são inéditos 'na literatura científica mundial', diz a pasta

Muriçoca pode atuar como vetor da febre do OropoucheMuriçoca pode atuar como vetor da febre do Oropouche - Foto: Freepik

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Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde confirmou no Brasil as primeiras mortes por febre oropouche já registradas no mundo. Segundo a pasta, foram dois óbitos na Bahia, e há um terceiro sendo investigado em Santa Catarina.

Os casos foram de duas mulheres de 21 e 24 anos que não tinham comorbidades, registrados no final de março e início de maio. Já o óbito em investigação, que ocorreu no Paraná, mas cuja transmissão foi em Santa Catarina, foi de um homem de 59 anos em abril.

Para acompanhamento dos casos no Brasil, o Ministério da Saúde coordena uma Sala Nacional de Arboviroses, que funciona de forma permanente, monitorando não só a situação de oropouche, mas também casos de dengue, chikungunya e Zika.

— A vigilância continuará atuando, de forma a subsidiar oportunamente as recomendações e ações necessárias, além das ações permanentes já realizadas pelo governo federal — diz a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

Em novo comunicado, a pasta explica o que é a doença viral, quais são os seus sinais de alerta e como se proteger em meio à alta de casos no país.

O que é a febre oropouche?
A febre oropouche é uma infecção causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. A principal disseminação ocorre na região amazônica.

Nos locais silvestres, outros insetos que também podem disseminar o patógeno são o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus. Já em áreas urbanas, onde a circulação do vírus é menos comum, o mosquito Culex quinquefasciatus atua como um vetor.

Quais são os sintomas da febre oropouche?
O Ministério da Saúde explica que os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya.” O quadro clínico agudo pode evoluir com febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e dor articular”. Os sintomas duram entre dois e sete dias. Ao todo, incluem:

Febre de início súbito;

Dor de cabeça intensa;

Dor nas costas e na lombar;

Dor articular;

Tosse;

Tontura;

Dor atrás dos olhos;

Erupções cutâneas;

Calafrios;

Fotofobia;

Náuseas;

Vômitos.

“Casos mais graves podem incluir o acometimento do sistema nervoso central, por exemplo de meningoencefalite, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Ainda há relatos de manifestações hemorrágicas”, diz a pasta.

Ela explica ainda que parte dos pacientes (estudos relatam até 60%) pode apresentar recidiva, ou seja, uma recaída da doença com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia após uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais.

“A orientação é similar aos casos de dengue, que a população, ao observar os sintomas, procure por uma unidade de saúde”, recomenda o Ministério da Saúde.

Qual é o tratamento para a febre oropouche?
Não existe tratamento específico para a doença. Com o acompanhamento médico, são indicados medicamentos para aliviar os sintomas enquanto o sistema imunológico do paciente combate a infecção.

Como se proteger da febre oropocuhe?
Segundo o Ministério da Saúde, “as medidas de prevenção consistem em evitar áreas com a presença de maruins ou minimizar a exposição às picadas dos vetores, seja por meio de recursos de proteção individual (uso de roupas compridas e de sapatos fechados) ou coletiva (limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de malha fina em portas e janelas)”.

Além disso, a pasta afirma trabalhar na construção do Plano de Enfrentamento da Dengue e outras Arboviroses 2024/2025. “O documento está pautado em vigilância em saúde, manejo clínico, organização dos serviços de saúde, controle vetorial, lacunas de conhecimento para financiamento de pesquisas, comunicação e interface com a sociedade, com propostas de ações a serem implementadas a curto, médio e longo prazos”. A elaboração tem a participação de representantes de organismos internacionais, pesquisadores, gestores e a sociedade civil.

Alta da febre oropouche
Assim como a dengue, que bateu o recorde da série histórica de casos e mortes em 2024, a febre oropouche também vive uma alta neste ano no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, foram confirmados 7.236 casos, o que já representa uma subida de 766,6% em relação ao acumulado de todo o ano de 2023, quando foram 835.

Ainda de acordo com números da pasta, até o fim de junho a faixa etária de 20 a 49 anos concentrava 60,1% dos casos. A maioria dos registros teve como local provável de infecção municípios do Norte, e a região amazônica, considerada endêmica, respondia por 78,4% das infecções. Fora da região, casos de transmissão local foram registrados na BA, ES, SC, MG, RJ, PI, MT, PE e MA.

Além da disseminação da doença pelo país, que já havia sido alertada pelo ministério em outras ocasiões, há outros fatores neste ano que aumentam a identificação de casos que antes não seriam detectados.

“A detecção de casos de febre do oropouche foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar de forma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país”, disse a pasta na quinta-feira.

Risco de transmissão para o feto
O Ministério da Saúde fez um alerta para gestantes em nota técnica publicada no início de julho sobre a identificação pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) de quatro casos de microcefalia em recém-nascidos ligados à infecção da mãe pelo vírus da febre oropouche.

As análises do IEC detectaram anticorpos para o OROV, que indicam a infecção pelo vírus, em quatro recém-nascidos com microcefalia, três com um dia de vida e outro com 27 dias de vida.

Além disso, outra investigação de um feto que morreu com 30 semanas de gestação identificou material genético do vírus da febre oropouche no sangue do cordão umbilical, placenta e diversos órgãos, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço, dele.

Agora, segundo a pasta, há outros seis casos de transmissão vertical – quando o vírus é transmitido da gestante para o feto – em investigação. “São 3 casos em Pernambuco, 1 na Bahia e 2 no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia”, diz em nota.

O ministério afirma ainda que “análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a febre do oropouche e casos de malformação ou abortamento”.

Recomendações para gestantes
Nesse cenário, em que as evidências apontam para uma possibilidade significativa de que o vírus da febre oropouche seja transmitido da gestante para o feto e provoque casos de malformação e aborto, o Ministério da Saúde orientou algumas medidas.

Entre elas, que se intensifique a vigilância dos “desfechos da gestação e da avaliação e acompanhamento do bebê em mulheres com suspeita de arboviroses durante a gravidez” e “dos casos de abortamento, óbito fetal e malformações neurológicas congênitas, com coleta de amostras de soro, sangue, sangue de cordão, líquor e tecidos para pesquisa de marcadores da infecção pelo OROV”.

Além disso, para as grávidas, recomendou que:

Evitem áreas onde há muitos insetos (maruins e mosquitos), se possível, e usar telas de malha fina em portas e janelas;

Usem roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele;

Mantenham a casa limpa, incluindo a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, e o recolhimento de folhas e frutos que caem no solo;

Se houver casos confirmados na sua região, sigam as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão.

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