ARBOVIROSES

Febre do Oropouche: SES-PE investiga se há relação da doença com morte de feto no Estado

Caso, que aconteceu em Rio Formoso, é inédito na literatura científica e está sendo debatido com especialistas

Mulher grávidaMulher grávida - Foto: Daniel Reche/Pixabay

Exames laboratoriais detectaram a presença do vírus da febre do Oropouche em um feto que morreu com 30 semanas de gestação, na cidade de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de PernambucoO caso é inédito na literatura científica e está sendo investigado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e outras autoridades.

Segundo a SES-PE, não há nenhum registro de óbito fetal ou abortamento em decorrência da febre, transmitida principalmente pelo mosquito maruim e pela muriçoca, e que tem sintomas parecidos aos da dengue e chikungunya. 

A mãe apresentava sintomas para arbovirose e era contato de um dos casos positivos da febre do Oropouche em Rio Formoso. Até o momento, o Estado contabiliza 13 casos da doença

Após a notificação feito pela Secretaria de Saúde do município, a SES-PE conduziu a coleta de materiais biológicos para exames relativos à febre do Oropouche, tanto da mãe quanto do feto.

As amostras da mãe que foram analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE) apresentaram resultados positivos para dengue e chikungunya, segundo a SES-PE.

O material coletado do feto foi encaminhado ao Instituto Evandro Chagas, de Belém do Pará, que é referência nacional no estudo de arboviroses.

O resultado positivo para febre do Oropouche no feto foi confirmado na última sexta-feira (5). O caso continua sob investigação e une representantes do Ministério da Saúde, Fiocruz, Instituto Evandro Chagas e o município de Rio Formoso. Outros exames laboratoriais serão feitos. 

A mãe, no entanto, não teve sangue coletado em tempo oportuno para uma possível identificação da febre do Oropouche. 

Febre do oropoucheMosquitos são os transmissores da febre do Oropouche (Foto: Sesab/Divulgação)

Investigação
Como este é o primeiro caso de perda gestacional passível de descrição na literatura científica, a conclusão requer um conjunto investigativo "bem analisado e descrito", segundo a SES-PE. Por isso, todo o processo de investigação epidemiológica está sendo realizado com especialistas.

"Ainda não conseguimos atribuir se esse óbito fetal foi em decorrência da infecção pelo Oropouche. A gente vem acompanhando, somos um Estado que tem histórico da infecção pelo Zika vírus, então isso coloca uma sensibilidade maior em relação a arboviroses em gestantes", detalha o secretário-executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária, Bruno Ishigami.

O trabalho conjunto entre SES-PE, Ministério da Saúde e demais autoridades, portanto, busca elucidar a causa da morte do feto.

"Estamo tentando estabelecer um nexo causal se a morte fetal ocorreu em decorrência da Oropouche", completa o infectologista, reforçando as orientações sobre os cuidados com o mosquito, uso de repelente e outros.

Oropouche em Pernambuco
Até o momento, Pernambuco contabiliza 13 casos da febre do Oropouche confirmados laboratorialmente em três Regionais de Saúde. 

A III Geres, na Mata Sul, conta com casos nos municípios de Rio Formoso (3), Maraial (1), Jaqueira (1) e Catende (1). 

Na I Regional, na Região Metropolitana do Recife, mais 6 casos: dois em Jaboatão dos Guararapes, dois em Moreno, um em Camaragibe e um na Ilha de Itamaracá. Já a XII Geres, na Mata Norte, apresenta um caso em Timbaúba.

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco afirma continuar vigilante e orientando os municípios, junto às Regionais de Saúde, no sentido de proteger a população.

Lacen realiza testagem para febre OropoucheFebre do Oropouche: exames laboratoriais confirmaram vírus em feto (Foto: SES-PE/Divulgação)

Febre do Oropouche
Apesar de ter sido identificada pela primeira vez no norte do país no ano de 1960 e ter apresentado diversos períodos de epidemia na faixa amazônica, até o momento a literatura científica não apresenta casos de óbito ou perda gestacional pela febre do Oropouche 

Causada por um arbovírus, diferente da dengue, zika e chikungunya, seu vetor não é o Aedes aegypti e sim o maruim (culicoide) e a muriçoca (culicídeo).

Em termos de enfrentamento vetorial, esse fato apresenta uma dificuldade maior para a saúde pública. Mais afeitos a água com muito material orgânico, tanto o maruim quanto a muriçoca usam de mangues, alagados, várzeas, água acumulada em área com muitas folhas caídas, cultivo de bananeiras, além de área com esgoto a céu aberto, coleta de lixo ineficiente ou terrenos baldios.

Em função disso, é preciso haver um cuidado maior no sentido de evitar a exposição a picadas. O uso de roupas que protejam a pele de exposição, sobretudo nos horários de penumbra (ao amanhecer e ao anoitecer), quando os vetores se mostram mais ativos. 

Além disso, o uso de repelentes adequados e o cuidado com o acúmulo de lixo, também ajudam a evitar o contato com os insetos. Reforçamos ainda que não há enfrentamento vetorial químico possível, uma vez que fumacê e aplicação local de larvicidas e adulticidas não são efetivos.

Veja também

Após bloqueio do X, decisão de Moraes deve passar pelos demais ministros e chegar ao plenário
BLOQUEIO DO X

Após bloqueio do X, decisão de Moraes deve passar pelos demais ministros e chegar ao plenário

Duas pessoas morrem em ataques distintos no Carnaval de Notting Hill, no Reino Unido
REINO UNIDO

Duas pessoas morrem em ataques distintos no Carnaval de Notting Hill, no Reino Unido

Newsletter