INCLUSÃO

Festas de fim de ano: Crianças autistas sofrem com barulhos de fogos de artifício

Estudos apontam que mais de 50% das pessoas com TEA apresentam hipersensibilidade auditiva

A hipersensibilidade trata-se de uma Disfunção de Integração Sensorial (DIS)A hipersensibilidade trata-se de uma Disfunção de Integração Sensorial (DIS) - Foto: Gabriel Copino

Com o final do ano chegando, a queima de fogos de artifício no Réveillon pode ser um problema muito grande para famílias que têm crianças com hipersensibilidade auditiva. Essa é uma das características comum para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), apesar de não estar restrita a esse diagnóstico. A presença dos fogos barulhentos pode causar imenso desgaste e sofrimento para esses indivíduos e suas famílias.

A hipersensibilidade trata-se de uma Disfunção de Integração Sensorial (DIS). A presença dessa disfunção é testificada por um terapeuta ocupacional com formação especializada na Terapia da Integração Sensorial. Para crianças que costumam se incomodar muito com sons do cotidiano ou repentinos e altos é fundamental a busca por ajuda por parte da família com o intuito de aprender a lidar com momentos de estresse gerados por esse tipo de estímulo, e que podem causar sobrecarga sensorial e emocional.


 
Estudos apontam que mais de 50% das pessoas com TEA apresentam a hipersensibilidade, ou seja, possuem alteração do processamento sensorial auditivo que influencia na percepção dos estímulos, nesse caso se dando de forma exacerbada diante de sons. O barulho dos fogos de artifício pode ser encarado como demasiadamente alto para essas crianças, sendo comparado até mesmo como uma sensação dolorosa.
 
De acordo com a terapeuta ocupacional da Clínica Ninho, Bruna Souto, os fogos comumente causam angústias e sofrimentos para quem apresenta hipersensibilidade auditiva. “O que pode ser uma sensação considerada normal e tolerável para pessoas neurotípicas, pode ser encarada como um estímulo realmente aversivo para uma pessoa autista que apresente a disfunção sensorial”, explica.
 
Nos últimos anos algumas cidades adotaram a queima de fogos silenciosos com o intuito de amenizar o sofrimento de pessoas com algum transtorno ou disfunção sensorial, além dos animais, que têm uma audição mais apurada. Mesmo assim, muitas pessoas com TEA continuam a sofrer com o barulho causado pelos fogos soltos em lugares que ainda não adotaram a prática citada.

 A terapeuta ocupacional aponta que uma das maneiras mais comuns de ajudar pessoas com TEA que sofrem de hipersensibilidade auditiva a lidar com estímulos causados pelo barulho dos fogos de artifício é utilizar estratégias de acomodação sensorial para reduzir o impacto dos sons altos. Diversos modelos de fones de ouvido ou abafadores de ruídos podem ser usados pelas crianças: grandes ou pequenos, de uso auricular externo ou interno, com espuma de maior ou de menor densidade.
 
“Outra forma de ajudar crianças autistas a lidarem com o incômodo dos fogos de artifício é reforçar com antecedência, de maneira visual e/ou verbal, que esta é uma época em que a queima deles é comum e que, de fato, acontecerá”, aponta Bruna Souto.

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