Festival Negritudes Globo propõe debater narrativas pretas para além da luta e da dor
Evento aconteceu nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro
Após duas edições de sucesso em São Paulo, em 2022 e 2023, o Festival Negritudes Globo chegou pela primeira vez ao Rio de Janeiro no dia de ontem.
Ao longo da sexta-feira, o Galpão da Cidadania, na Gamboa, recebeu profissionais da indústria criativa e do audiovisual, jornalistas e pessoas em geral interessadas em temas como diversidade e representatividade.
Com a proposta de debater e celebrar narrativas negras no audiovisual, o evento começou com uma apresentação freestyle do MC Estudante, que improvisou os versos: “Foco, força, fé, resistência e atitude. Isso é Negritudes.”
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Na sequência, a apresentadora Maju Coutinho subiu ao palco para mediar o debate “Sucesso e inspiração”, com a participação da atriz Regina Casé, do criador de conteúdo Hugo Gloss e da apresentadora e ex-campeã do BBB 20 Thelminha de Assis.
Valorizar sucessos
Em sua introdução, a apresentadora do Fantástico falou sobre a importância de não apenas reafirmar problemas e dificuldades, mas também valorizar seus próprios sucessos para inspirar outras pessoas.
"Sou uma mulher que não consegue se definir. Se me colocar num laboratório, acho que eu terei a mesma porcentagem de branca, negra e indígena. É isso me permitiu representar tantas mulheres — afirmou Regina Casé, que não gosta muito da fama de “madrinha” de artistas negros por meio de programas como “Esquenta”. — Não quero ser a voz dos pretos da TV, mas quero iluminar e ser ponte para essas pessoas.
Já Thelminha lembrou que sucesso para ela não está relacionado com número de seguidores ou visualizações.
"Sucesso é a gente conseguir sair do lugar que nos colocaram, dos “nãos” que a gente ouviu ", disse a médica.
No segundo painel do dia, mediado por Aline Midlej, com a participação da atriz Sheron Menezzes, do fotógrafo Wendy Andrade, da CEO da Nhaí! Raquel Virgínia e do influenciador Julio de Sá, a temática foi “Gente preta feliz”. A conversa também dedicou atenção à necessidade de afastar as narrativas pretas de visões apenas de dor e sofrimento.
"A gente luta, a gente batalha, mas a gente é feliz também. E temos que mostrar isso ", disse Sheron.
Ingressos esgotados
Ao longo do dia, nomes como Kondzilla, Lázaro Ramos, Taís Araujo, Zezé Motta, Antonio Pitanga e Milton Cunha também participaram dos debates.
Com ingressos esgotados e transmissão ao vivo pelo Canal Futura no Globoplay, o Negritudes foi exaltado como sucesso pelo idealizador do evento, Ronald Pessanha.
— É importante debater e celebrar essas histórias, e também promover uma narrativa que esteja mais próxima das pessoas negras — disse Ronald ao GLOBO.
O organizador lembra que o Negritudes nasceu por volta de 2018, a partir de pequenos grupos de discussão entre diretores, roteiristas e atores da Globo. Hoje, deixou de ser uma conversa dos corredores da emissora e ganhou ares de um grande evento. Após passar pelo Rio ontem, o Negritudes já tem duas edições confirmadas para os próximos meses, em Salvador, em julho, e em São Paulo, entre final de agosto e início de setembro.