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Rio de Janeiro

Filha presa por golpe milionário deixava idosa sem comida e colocava faca em seu pescoço

De acordo com o inquérito da Polícia Civil do Rio, Sabine Coll Boghici manteve a vítima coagida e isolada de amigos e funcionários

Sabine Coll Boghici, presa por participação em golpe milionário contra a mãe, idosa de 82 anos, na Zona Sul do RioSabine Coll Boghici, presa por participação em golpe milionário contra a mãe, idosa de 82 anos, na Zona Sul do Rio - Foto: Reprodução

As investigações da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) sobre um golpe de mais de R$ 724 milhões contra uma idosa, de 82 anos, mostram que a filha dela, presa por participação no crime, colocou por diversas vezes uma faca em seu pescoço, enquanto no viva-voz do telefone, falsos videntes a extorquiam para entregar bens em troca de supostos tratamentos espirituais.

O inquérito aponta que Sabine Coll Boghici passou a isolar a mãe de amigos e funcionários, a deixando vítima sem acesso a telefone nem alimentação, e a ameaçando de morte.

De acordo com o delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, titular da Deapti, foi a própria idosa que procurou a delegacia, em janeiro. Ele conta que a mulher estava “muito assustada com tudo que aconteceu” e “após tomar coragem, contratou um advogado” e denunciou a filha.

"No começo do ano, ela contratou advogado é esse advogado trouxe a idosa até a delegacia com um pedido para que apurássemos o caso. Ela é o advogado foram até a delegacia. Isso acontece muito tempo depois. Por tudo que aconteceu, ela estava muito assustada e com muitos problemas: como você vai denunciar a filha?", explicou o delegado.

Ainda segundo o inquérito, Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic abordou a idosa após ela sair de uma agência bancária, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, em janeiro de 2020, apresentando-se como vidente, disse que sua filha estava doente e morreria em breve. Ela conseguiu convencê-la então e ir até seu apartamento, na Rua Barata Ribeiro, onde teria jogado búzios e confirmado o “evento trágico”. De lá, as duas partiram para o imóvel de outra vidente, no Leme, para a realização de trabalhos espirituais e a cura da filha.

Nessa residência, foi perguntado a idosa onde a filha morava e se possuía objetos de valor, o que acarretou a desconfiança da idosa, que não respondeu às indagações. Diana então disse que seria melhor que ela procurasse outra pessoa, de confiança, para salvar a vida da filha. Elas seguiram então para a casa de Rosa Stanesco Nicolau, conhecida como Mãe Valéria de Oxossi, na Rua Maria Quitéria, em Ipanema. Após jogar búzios e colocar cartas, a mulher novamente confirmou que a filha estaria com “espírito ruim” que a levaria a morte e pediu o pagamento pelo serviço.

Ao questionar as videntes sobre os valores, a idosa recebeu como resposta que ela poderia pagar o que lhe fora cobrado. A vítima contou sobre o acontecido Sabine e essa lhe orientou que providenciasse imediatamente o pagamento a fim de lhe curar sobre o mal que a atingia. Acreditando nas previsões, sobretudo diante dos problemas psicológicos como depressão e síndrome do pânico que a filha sofria, concordou em efetuar transferências de mais de R$ 5 milhões.

Alguns dias após o início do tratamento espiritual, Sabine começou a isolar a mãe de pessoas com quem ela convivia regularmente, além de dispensar funcionários que prestavam serviços domésticos e a impedindo de usar os aparelhos telefônicos da residência. Quando, em fevereiro de 2020, desconfiada de que a filha agia em comum acordo com as falsas videntes envolvidas na fraude, a idosa resolvem suspender os pagamentos a eles, sua filha passou a agredi-la e a negar comida. As medidas seriam para forçar a vítima a voltar a realizar as transferências.

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