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caso Marielle Franco

Filha tenta falar pela 'última vez' com Ronnie Lessa antes de cortar relações

Mohana Lessa afirmou que não deseja 'coisas ruins' ao pai, acusado de disparar os tiros que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes

Ronnie Lessa, acusado de matar vereadora Marielle FrancoRonnie Lessa, acusado de matar vereadora Marielle Franco - Foto: Reprodução/JN

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A filha do ex-policial militar Ronnie Lessa afirma ter ficado "em choque" ao saber, pela entrevista coletiva do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia homologado a colaboração premiada do pai, preso sob acusação de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março e 2018.

 Em entrevista ao Globo, Mohana Lessa disse que o parente jamais comentou com a família a possibilidade ou o desejo de colaborar com as investigações do caso. Até aquele momento, Mohana dizia acreditar na inocência de Ronnie Lessa.

Na delação, além de apontar os mandantes e a motivação da execução, Lessa também pode fornecer detalhes sobre como o crime foi contratado e quanto custou. Com a certeza da colaboração do pai, Mohana Lessa manteve o posicionamento inicial de romper relações, mas disse ao Globo que quer falar com Ronnie Lessa mais uma vez para tentar "entender tudo".

— Eu gostaria muito de falar com ele pelo menos uma vez pra tentar entender tudo. Mas isso vai contra tudo o que não só eu, mas minha família toda pensamos, acreditamos e defendemos. Então sim, não pretendemos mais ter qualquer tipo de relação daqui pra frente — afirmou ela, ao Globo.

Segundo Mohana, toda a família se surpreendeu com a confirmação da delação e se sente agora "decepcionada, triste e revoltada". Ela destaca que, apesar do rompimento e da gravidade da acusação, não deseja nada de ruim ao pai.

— Não é porque cortaremos relações que eu desejo coisas ruins pra ele. Eu realmente espero que Deus possa perdoar ele e os outros de tudo isso, e que eles possam se arrepender genuinamente do que fizeram — disse.

Carta chama crime de 'brutalidade'
 Mohana Lessa escreveu uma carta na qual afirmou que, após a homologação da delação do pai, deixará de tentar provar a inocência dele. Ela classificou o crime como uma "brutalidade".

Leia a íntegra da carta:
 "Como eu havia dito há aAlgumas semanas atrás, eu só queria que tudo fosse um pesadelo da pior espécie (do qual) que eu pudesse acordar e seguir minha vida.

Sem muitas delongas, a partir da confirmação da homologação de uma delação feita pelo Lessa (ou Ronnie, como eu conhecia), nós, como 'família', mantemos nosso posicionamento inicial. É inadmissível tamanha brutalidade cometida. É totalmente contra o que nós pensamos, acreditamos e defendemos.

Por 5 anos eu me desdobrei em mil e abri mão da minha vida para tentar provar a inocência de quem não era inocente. Eu confiava fielmente, até o último segundo. Não sei se era minha razão falando, ou meu coração. Minha mãe foi presa, meu tio foi preso, amigos foram presos, eu mesma fui processada, e isso tudo, a troco de que?

Sempre clamei por justiça, seja ela qual for. E isso não mudará nunca. De todo modo, nós, como família, não aceitamos e não aceitaremos qualquer proteção vinda desse acordo. Acreditamos que não temos absolutamente NADA a ver com essa história, e só queremos distância e paz disso tudo. A escolha desse crime não foi nossa, portanto as consequências também não serão nossas. Que Deus, com toda sua misericórdia, possa perdoar os responsáveis por isso tudo algum dia.

A escolha feita pelos participantes disso, sejam eles quem forem, acabou não somente com a vida da vereadora Marielle e seu motorista Anderson, como também de suas respectivas famílias, e com as nossas. Nada nunca mais será como antes.

Eu tenho a péssima mania de me desculpar por erros que eu não cometi. Portanto, me perdoem, do fundo do meu coração, por tudo o que eu não fiz. Eu realmente sinto muito; por vocês, e por nós. Espero sinceramente que Deus possa nos confortar de alguma maneira depois que tudo isso acabar (se for possível). E que tudo acabe logo.

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