Filho de Flordelis é absolvido por morte de pastor, mas condenado por associação criminosa
Outro filho foi condenado por documento falso e associação criminosa armada
Um dos filhos da ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza que era acusado por participação na morte do pastor Anderson do Carmo foi absolvido na manhã desta quarta-feira (13) no Tribunal do Júri de Niterói por participação no crime. Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi condenado a 2 anos, 2 meses e 20 dias de prisão apenas por associação criminosa armada. Ele também foi absolvido das acusações de tentativa de homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio duplamente qualificado em razão dos episódios de envenenamento contra Anderson.
Outro filho de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, que era acusado de participação em uma trama para confeccionar uma carta que atrapalhava as investigações do caso, foi condenado a 4 anos, 6 meses e 20 dias pelos crimes de uso de documento falso e associação criminosa armada.
Já o ex-policial militar Marcos Siqueira e sua mulher, Andrea Santos Maia, foram condenados por terem participado da trama da carta. Eles foram condenados por uso de documento falso e associação criminosa armada. Andrea recebeu pena de 4 anos, 3 meses e 10 dias e Marcos, 5 anos e 20 dias.
Outro filho de Flordelis, André Luiz de Oliveira responderia no julgamento por tentativa de homicídio duplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado e associação criminosa, mas teve a audiência adiada depois que o advogado passou mal. Em novembro do ano passado, Lucas Cezar dos Santos e Flávio dos Santos Rodrigues — também herdeiros da pastora — foram condenados pelo assassinato do pastor.
Flordelis, que é apontada como mandante da execução a tiros do marido, duas netas e uma filha, rés no mesmo processo, tiveram o julgamento marcado para o dia 9 de maio deste ano.
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Entre as testemunhas ouvidas no segundo julgamento, Alexander Felipe Matos Mendes, conhecido como Luan, uma das dezenas de filhos afetivos da ex-deputada, emocionou-se ao prestar depoimento. Com a voz embargada, o rapaz precisou interromper o depoimento ao lembrar do momento em que se deparou com o corpo do pastor Anderson do Carmo, assassinado em junho de 2019.
— Eu não tinha força nem pra chorar. Parecia um choque, não sei explicar. Segurei um ferro para não cair. E comecei a contar. Eram várias perfurações. Parei quando cheguei no 14º tiro. E isso porque jamais faria na região pélvica — recordou Luan. Atingido por mais de 20 disparos, Anderson foi alvejado várias vezes próximo à genitália.
O delegado Allan Duarte foi a segunda testemunha a prestar depoimento. Ele foi ouvido por cerca de 1h15. Duarte, que assumiu a segunda fase das investigações, também afirmou que não houve comprovação de que a vítima abusou sexualmente de pessoas na casa. Questionado, o delegado disse ainda não ter constatado que Flordelis sofria qualquer violência doméstica. Duarte foi questionado também sobre informações de que Anderson e a ex-deputada frequentavam casa de suingue. As perguntas foram feitas por jurados.
— Não foi confirmada que eles foram em casa de trocas de casais. É um dado de interesse para a gente avaliar como era a conduta do casal no dia a dia, mas não se confirmou.
Ainda durante seu depoimento, Allan Duarte foi questionado se durante as investigações foi constatada a prática de "rachadinhas" na família, que consiste na devolução de parte do salário por funcionários nomeados em gabinetes de políticos. O delegado confirmou que foram encontrados indícios da prática do crime. Segundo ele, Carlos Ubiraci, réu do processo, era um dos integrantes da família que devolvia uma parcela dos seus ganhos como assessor parlamentar de Flordelis.