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EUA - França

Fim da crise com EUA vai levar tempo e exigir ações, diz chanceler francês

Ambos os líderes concordaram que "consultas abertas entre aliados" teriam evitado a situação

[M] Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia[M] Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia - Foto: Reprodução/Twitter

O fim da crise diplomática entre França e Estados Unidos, desencadeada após o anúncio de um novo acordo dos americanos com o Reino Unido e a Austrália para armar este último com submarinos nucleares, "levará tempo e exigirá ações", segundo o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian.

Ele se reuniu nesta quinta-feira (23), em Nova York, com seu homólogo americano, o secretário de Estado Antony Blinken. O encontro se deu um dia depois de os presidentes dos dois países, Emmanuel Macron e Joe Biden, conversarem e colocarem panos quentes na relação diplomática.

Le Drian classificou o telefonema dos líderes como "um primeiro passo" para o fortalecimento dos laços. Aos jornalistas, Blinken confirmou o relato divulgado pelo francês e frisou que a reconciliação com Paris tomará tempo.

"Admitimos que isso levará tempo e trabalho duro e terá que ser demonstrado não só com palavras, mas também ações", disse o americano, que acrescentou estar "comprometido a atuar em estreita colaboração com Le Drian nesse esforço crucial".

"Estou seguro que nossos interesses comuns são tão fortes e que os valores que compartilhamos, tão firmes, que vamos seguir e fazer um bom trabalho."
Biden e Macron tentaram restabelecer a confiança abalada após o anúncio da aliança estratégica entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido, que culminou no cancelamento de um contrato bilionário assinado em 2016 entre o país da Oceania e a França.

Ambos os líderes concordaram que "consultas abertas entre aliados" teriam evitado a situação. O acordo seria também um golpe para as ambições da França de fortalecer sua presença na região do Indo-Pacífico, palco de disputas territoriais, entre outras, envolvendo a China.

Na semana passada, Biden havia mencionado a França como "parceiro e aliado-chave", mas o ministro das Relações Exteriores francês disse que o anúncio do acordo "foi uma punhalada nas costas" e que o americano agiu como o ex-presidente Donald Trump, de maneira "unilateral, brutal, imprevisível".

Em declaração conjunta nesta quarta, Biden e Macron concordaram em se encontrar na Europa no final de outubro, e o francês decidiu que seu embaixador retornará a Washington já na próxima semana –gesto diplomático que bota panos quentes na relação entre os dois países. No jargão das relações internacionais, convocar um embaixador é um movimento que expressa forte insatisfação com o país que abriga os diplomatas.

É possível que os dois líderes se reúnam por ocasião da cúpula do G20 na Itália, marcada para os dias 30 e 31 de outubro, mas funcionários da Casa Branca disseram ao jornal The New York Times que o encontro pode ocorrer de forma separada, como um passo para reparar os danos provocados pela crise.

O encontro desta quinta entre Le Drian e Blinken foi realizado na missão diplomática francesa junto à ONU, em Nova York, durou cerca de uma hora e se deu com discrição, longe de microfones e câmeras.
O ministro francês "concordou em manter contato próximo" nos próximos meses com o americano, acrescentou o comunicado da chancelaria, que não deu mais detalhes sobre como isso seria feito.

Ainda nesta quinta, Blinken participou de encontro à margem da Assembleia-Geral da ONU com representantes do bloco Asean, do Sudeste Asiático. Ele disse que os EUA pretendem anunciar, neste outono (primavera do hemisfério sul), sua nova estratégia para a região do Indo-Pacífico.
Segundo ele, ela buscará uma região "livre, aberta, interconectada, resiliente e segura".

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