Fim da gotinha: vacina injetável da pólio substitui a oral em todo o país a partir desta segunda (4)
Decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro
Como anunciado pelo Ministério da Saúde em setembro, a pasta vai substituir as duas doses de reforço da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como “gotinha”, por uma dose de vacina inativada poliomielite (VIP), injetável, de modo que o esquema vacinal contra a doença será exclusivo com VIP, a partir desta segunda-feira (4).
Segundo o Ministério, a decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro. A atualização da VIP já acontece em países como Estados Unidos e nações europeias.
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O esquema vacinal atual contempla a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOPb, a gotinha, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
A Vacina Oral Poliomielite (VOP), também chamada de gotinha ou vacina Sabin, por ter sido desenvolvida pelo microbiologista Albert Sabin na década de 1950, é a mais utilizada contra o vírus. Pela facilidade de aplicação, o imunizante conseguiu atingir altas coberturas pelo mundo, eliminando o vírus de diversos países.
No Brasil, o imunizante oral contra a pólio foi um marco. Além de ter dado origem ao famoso Zé Gotinha, que se tornou o símbolo das Campanhas de Vacinação, o imunizante foi o grande responsável por tornar o Brasil livre da doença que causa a paralisia infantil.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1975, antes da vacinação generalizada, quase 6 mil crianças ficaram paralisadas nas Américas, em razão da poliomielite. O último caso de pólio foi registrado o no país em 1989 e desde 1994 o Brasil está oficialmente livre da doença.
A partir de segunda, com a VOPb deixando de ser utilizada, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses de idade, de modo que o esquema vacinal com o referido imunobiológico será:
2 meses – 1ª dose
4 meses – 2ª dose
6 meses – 3ª dose
15 meses – dose de reforço
Segundo o Ministério, o Brasil está há 34 anos sem a doença e contabiliza 47 anos de sucesso de uso da VOP nas estratégias de vacinação no combate contra a poliomielite desde que foi introduzida de forma oficial em 1977.
O Brasil tem se destacado positivamente no avanço das coberturas vacinais, mesmo após enfrentar declínios desde o ano de 2016. E a vacinação contra a poliomielite no país é uma das causas do resultado positivo. Em 2023, a cobertura vacinal para poliomielite alcançou 86,55%, ante os 77,20% em 2022.
Graças ao sucesso das campanhas de vacinação, atualmente, o vírus selvagem da pólio circula apenas em dois países: Afeganistão e Paquistão. Portanto, casos de poliomielite causada pelo vírus selvagem são raros.
Sintomas e prevenção
A pólio é contagiosa podendo infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. As consequências da poliomielite normalmente correspondem a sequelas motoras e não há cura. Os principais efeitos da doença são ausência ou diminuição de força muscular no membro afetado e dores nas articulações.
Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomielite também pode contaminar adultos que não foram imunizados. Por isso, é fundamental ficar atento às medidas preventivas, como lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.