Fim do direito ao aborto nos EUA é "um duro golpe" aos direitos humanos, diz ONU
Mais de 50 países que tinham leis mais restritivas suavizaram suas legislações sobre o aborto nos últimos 25 anos, lembrou Bachelet
A revogação do direito ao aborto nos Estados Unidos foi "um duro golpe aos direitos humanos das mulheres e à igualdade de gênero", disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, nesta sexta-feira (24).
"O acesso ao aborto seguro, legal e eficaz está firmemente enraizado no direito humano internacional e é fundamental para a autonomia das mulheres e sua capacidade de fazer suas próprias escolhas", escreveu Bachelet em nota.
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"Esta decisão retira essa autonomia para milhões de mulheres nos Estados Unidos, especialmente as de baixa renda e as pertencentes a minorias raciais e étnicas, em detrimento de seus direitos fundamentais", acrescentou a ex-presidente chilena. É "um grande retrocesso", ressaltou.
Mais de 50 países que tinham leis mais restritivas suavizaram suas legislações sobre o aborto nos últimos 25 anos, lembrou Bachelet.
"A decisão de hoje [sexta-feira] afasta os Estados Unidos desta tendência progressista", lamentou.
A Suprema Corte dos Estados Unidos revogou nesta sexta-feira o direito ao aborto, após derrubar a decisão que, desde 1973, permitia a interrupção de gestação no país.
A decisão, no entanto, não torna o aborto ilegal, mas permite que cada estado decida autorizá-lo ou não.