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MUNDO

Fim do fact-checking causaria 'dano real' no mundo, alerta rede de checadores de fatos

A medida ocorre apenas duas semanas antes de o magnata republicano Donald Trump assumir novamente a presidência dos Estados Unidos

Mark Zuckerberg postou vídeo no Instagram no qual fala sobre as mudanças da MetaMark Zuckerberg postou vídeo no Instagram no qual fala sobre as mudanças da Meta - Foto: Reprodução/Instagram

O fim da regulação de conteúdos no Facebook e Instagram causaria um "dano real" no mundo, sobretudo em países vulneráveis à desinformação, alertou uma rede global de checadores de fatos, denunciando as declarações do CEO da Meta, Mark Zuckerberg, de que o fact-checking aumenta a censura.

Na terça-feira, a Meta anunciou a decisão de encerrar o seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos, uma decisão que também preocupa as Nações Unidas.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou nesta sexta-feira (10) que "autorizar os discursos de ódio e os conteúdos nocivos na internet tem consequências no mundo real. Regular estes conteúdos não é censura".

Türk fez um apelo à "responsabilidade e à governança do espaço digital, em linha com os direitos humanos".

Vulneráveis à desinformação
Embora a decisão da Meta se aplique atualmente apenas aos Estados Unidos, a rede internacional de checadores de fatos IFCN (International Fact-Checking Network) alertou sobre o impacto potencialmente devastador de um fim do programa de Zuckerberg, que está presente em mais de 100 países.

"Alguns destes países são muito vulneráveis à desinformação, que estimula a instabilidade política, a interferência eleitoral, a violência popular e até mesmo o genocídio", declarou a rede composta por 137 organizações, incluindo a AFP.

"Se a Meta decidir encerrar o programa em todo o mundo, é quase certo que causará danos reais em muitos lugares", acrescentou.

Ao anunciar sua decisão, Zuckerberg disse que os verificadores de fatos "foram excessivamente politizados e contribuíram para reduzir a confiança em vez de melhorá-la, especialmente nos Estados Unidos".

"Isto é falso e queremos restaurar a verdade, tanto para o contexto atual como para a História", rebateu o IFCN.

De acordo com o seu CEO, a Meta está tentando "restaurar a liberdade de expressão em suas plataformas" e substituirá a tarefa dos checadores por um sistema de notas da comunidade semelhante ao usado pela rede X.

A medida ocorre apenas duas semanas antes de o magnata republicano Donald Trump assumir novamente a presidência dos Estados Unidos.

Nos últimos anos, os republicanos, assim como Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter) e muito próximo de Trump, criticaram os programas de verificação de fatos por considerá-los uma forma de "censura".

Após ter excluído a conta de Trump no Facebook em 2021, devido à invasão ao Capitólio, sede do Congresso, por parte de uma multidão de seus apoiadores, Zuckerberg fez repetidos gestos de aproximação com o presidente eleito: jantou com ele em novembro, doou um milhão de dólares (cerca de R$ 6 milhões na cotação atual) para sua cerimônia de posse em 20 de janeiro e nomeou vários de seus aliados para posições-chave no grupo.

A Agence France-Presse (AFP) trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook em 26 idiomas. A plataforma paga para usar as verificações de cerca de 80 organizações de todo o mundo em sua rede, assim como no Whatsapp e no Instagram.

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