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Finlândia, país vizinho da Rússia, se aproxima da Otan, que promete apoio ilimitado à Ucrânia

O anúncio "histórico" da Finlândia de solicitar uma adesão à Otan ainda precisa ser ratificado pelo Parlamento

Reunião da OtanReunião da Otan - Foto: Olivier Douliery / Pool / AFP

A Finlândia confirmou, neste domingo (15), sua candidatura à Otan, um anúncio que representa um reordenamento de poderes na Europa quase três meses após o início da invasão russa da Ucrânia, país que recebeu da Aliança do Atlântico Norte uma promessa de apoio militar "pelo tempo que for necessário".  

O anúncio "histórico" da Finlândia de solicitar uma adesão à Otan ainda precisa ser ratificado pelo Parlamento, mas provocou a revolta da Rússia, que ameaça adotar represálias.

Após a mudança finlandesa, a Suécia deve seguir o mesmo caminho. O governante Partido Social-Democrata aprovou, neste domingo (15), a candidatura à Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Um pedido conjunto com a Finlândia é "o melhor para a Suécia", afirmou a primeira-ministra Magdalena Andersson.

O Kremlin insiste que os países nórdicos não têm nada a temer, mas interrompeu o fornecimento de energia elétrica à Finlândia, país com o qual compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros.

A maioria dos integrantes da Otan apoia a entrada das duas nações, com exceção da Turquia, que acusa Suécia e Finlândia de dar cobertura a extremistas curdos.

Enquanto os pedidos são avaliados, o que pode levar meses, a Aliança oferecerá garantias de segurança provisórias aos dois países.

A decisão de Helsinque e Estocolmo é uma consequência direta da invasão russa contra a Ucrânia, onde as tropas russas sofreram grandes perdas militares, de acordo com os serviços de inteligência dos países ocidentais. 

"A Ucrânia pode vencer a guerra contra a Rússia", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em uma reunião informal dos ministros das Relações Exteriores do grupo em Berlim.

A chefe da diplomacia da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que os membros da Otan estão dispostos a oferecer ajuda militar à Ucrânia "pelo tempo que for necessário" para que Kiev possa garantir "a autodefesa do país".

"Perdeu impulso" 

Na frente de batalha, quatro mísseis atingiram infraestruturas militares em Lviv, perto da fronteira com a Polônia, informou o governador regional, Maksym Kozytsky.

As autoridades não relataram vítima e, segundo as Forças Armadas ucranianas, dois mísseis de cruzeiro foram destruídos. Lviv havia sido atacada pela última vez em 3 de maio. 

A Rússia, que iniciou a ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro, concentrou os ataques nas últimas semanas na região leste, depois de recuar do norte e das imediações de Kiev.

O ministério da Defesa da Rússia anunciou ataques com mísseis de "alta precisão" contra quatro depósitos de munição na área de Donets (leste).

Os ataques aéreos também destruíram dois sistemas de lançamento de mísseis e um radar, enquanto 15 drones ucranianos foram eliminados nos arredores de Donetsk e Lugansk, acrescentou.

Mas de acordo com os países ocidentais, o avanço russo perde força. Comandantes da área de Defesa do Reino Unido afirmam que a ofensiva da Rússia na região do Donbass "perdeu impulso".

"As desmoralizadas tropas russas não conseguiram avanços substanciais e o plano de batalha de Moscou está significativamente atrasado", afirmou o serviço de inteligência de Defesa do Reino Unido.

"Nas atuais condições é pouco provável que a Rússia acelere drasticamente o ritmo de avanço nos próximos 30 dias", completou a inteligência britânica, que calcula que Moscou "provavelmente" perdeu um terço de suas tropas. 

Ucrânia e Rússia anunciam com frequência dados de mortes no lado inimigo, mas não é possível determinar o número real de vítimas do conflito. 

Kiev afirma que suas tropas mataram quase 20.000 militares russos. Moscou anunciou em 25 de março que suas forças mataram pelo menos 14.000 militares ucranianos.

Os dois números provavelmente estão inflados e não é possível verificar as informações com fontes independentes.

Leste da Ucrânia 

Os líderes ocidentais preveem uma guerra prolongada de desgaste, que prosseguirá até o próximo ano. 

As autoridades ucranianas se mostram mais otimistas e preveem um "ponto de inflexão" em agosto.

O governador da região de Lugansk (leste), Sergei Gaidai, afirmou que os soldados russos tentaram atravessar o rio Donets para cercar a cidade de Severodonetsk, mas as tropas ucranianas impediram o avanço.  

Em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, as tropas russas recuam após uma contraofensiva, segundo as autoridades locais.

Desde o início da invasão, as vitórias russas se limitam à cidade meridional de Kherson e à conquista quase total de Mariupol (sudeste), no Mar de Azov.

Quase 600 combatentes resistem nos túneis da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, e suas famílias fizeram um apelo de ajuda ao presidente chinês Xi Jinping para conseguir uma operação de retirada.

No início do mês, a ONU e a Cruz Vermelha organizaram uma operação de retirada de civis da fábrica, onde estavam refugiados para escapar dos bombardeios russos. 

Vitória no Eurovision 

Em Kiev, dominada por notícias ruins da guerra, a vitória da Ucrânia no festival Eurovision foi muito celebrada. 

"É um pequeno raio de felicidade. É muito importante para nós", disse Iryna Vorobey, empresária de 35 anos.

"Estou muito feliz. A vitória é muito boa para nosso ânimo", declarou à AFP Andriy Nemkovych, administrador de 28 anos. 

O grupo Kalush Orchestra conquistou o público com "Stefania", um rap que combina folclore com ritmos modernos e uma coreografia de breakdance.

"Nossa coragem impressiona o mundo, nossa música conquista a Europa!", escreveu no Facebook o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Mas outros não comemoraram. "Não é a coisa mais importante do momento", disse Vadym Zaplatnikov, de 61 anos. Para ele, "recuperar a Crimeia seria uma notícia melhor". 

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