Fiocruz: engarrafamentos maiores indicam redução do isolamento em maio
Quatro das cinco cidades monitoradas têm números elevados de casos e mortes pela Covid-19
O aumento dos engarrafamentos em cinco regiões metropolitanas brasileiras na segunda quinzena de maio indica que a população começou a circular mais antes mesmo das medidas de flexibilização anunciadas por estados e municípios, revela estudo do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os pesquisadores observaram dados do aplicativo Waze nas regiões de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Manaus (AM) e Porto Alegre (RS) e constataram trânsito 20% mais intenso entre 24 de maio e 3 de junho.
Entre 22 de março e 23 de maio, a pesquisa mostra que houve redução de até 84,1% (Rio de Janeiro) nos congestionamentos registrados nessas regiões metropolitanas. A menor redução nesse período foi em Porto Alegre, onde os engarrafamentos observados foram, em média, 68,4% menores que o normal.
Entre 24 de maio e 3 de junho, porém, a média de redução dos engarrafamentos caiu em todas as cidades analisadas: de 84,1% para 73,8% no Rio de Janeiro; de 80% para 67,2% em São Paulo; de 77,7% para 59,2% em Manaus; de 73,4% para 68,4% no Recife; e de 64,4% para 52,6% em Porto Alegre.
Os pesquisadores obtiveram os percentuais usando técnicas de "big data" a partir do aplicativo de monitoramento de trânsito. A velocidade dos veículos e a ocorrência de engarrafamentos são mensuráveis a partir do GPS (sistema de posicionamento global) dos telefones celulares dos usuários.
A análise conclui que o observado aumento de trânsito tanto nos dias de semana quanto nos finais de semana pode estar relacionado a saídas de casa para o lazer, e não apenas para atividades laborais. O crescimento do trânsito nos fins de semana foi mais percebido em Manaus e Porto Alegre.
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Os dados fazem parte da nota técnica Monitora Covid-19, divulgada na segunda-feira (8) pela Fiocruz. Os pesquisadores alertam que o maior fluxo de trânsito pode contribuir para uma circulação mais intensa do vírus nas regiões metropolitanas, expandindo a incidência da doença nas periferias.
"À medida que aumenta a circulação das pessoas nas grandes cidade e áreas metropolitanas, é provável que os casos graves da Covid-19 demandem cuidados intensivos para as populações residentes nestas áreas. Esse cenário, somado ao processo de interiorização, e consequentemente o aumento do envio de pacientes para cidades maiores, configura um panorama preocupante quanto ao limite da capacidade dos sistemas de saúde", conclui a nota técnica, que recomenda o monitoramento desses deslocamentos para que sejam elaboradas medidas capazes de reduzi-los.