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Fiocruz pesquisa impactos sociais do zika sobre a vida das mulheres

Estudo será concentrado no Recife e no Rio de Janeiro

Tereza LyraTereza Lyra - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A Fiocruz lançou, nesta terça-feira (31), no Recife, um estudo que vai pesquisar os impactos sociais do vírus zika sobre a vida das mulheres. O levantamento "Impactos sociais e econômicos do vírus zika no Brasil" vem da constatação de que o vírus está relacionado ao aumento dos casos de microcefalia em bebês.

A pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do estudo, Tereza Lyra, explica a iniciativa. "A Fiocruz já tem um ano de trabalhos importantíssimos publicados sobre a síndrome congênita do zika, mas a gente sentia uma lacuna, que era compreender o impacto para essas famílias, particularmente para essas mulheres que conviveram com crianças vitimadas por essas doenças. A gente espera com essa pesquisa preencher essa lacuna e compreender os impactos sociais e econômico para essas famílias", conta.

O estudo vai se concentrar no Recife e no Rio de Janeiro e terá duração de um ano. A pesquisa é financiada pela fundação Wellcome Trust, do Reino Unido. "Além de financiar, a fundação estará conosco o tempo todo na análise dos dados. São esses três núcleos que estão trabalhando", aponta Tereza.

Em princípio, a Fiocruz vai trabalhar com mulheres que já vêm sendo estudadas em outras pesquisas. Serão três eixos de abordagem: um mais quantitativo, para dimensionar, por exemplo, se há casos de depressão, ansiedade, sofrimentos emocionais e psíquicos, com aplicação de alguns testes; outro eixo de avalição econômica do impacto financeiro, para as famílias e os serviços de saúde; e o terceiro, de entrevistas com as mulheres, para dar-lhes voz. "Esperamos divulgar o conjunto desses resultados daqui a um ano, tanto para a população, quanto para os gestores, para que possam fazer políticas que atendam essa demanda das mulheres", esclarece a pesquisadora.

Tereza Lyra destaca a maior incidência da síndrome conjunta do zika na população de baixa renda. "O Brasil é um país profundamente injusto e, infelizmente, a população parece que sente um certo conformismo de conviver com essa desigualdade. Então o zika, assim como outras doenças, acomete muito mais densamente as populações de baixa renda, porque é uma população que tem menos acesso a água, saneamento, cuidados de saúde cotidianos, além da maior densidade habitacional por domicílio. Todos esses fatores facilitam a proliferação do vetor. É população muito mais vulnerável. Mais do que nunca, precisamos pensar nessa população. Muitas mulheres tiveram que abandonar seus empregos, as famílias ficaram sobrecarregadas financeiramente e emocionalmente. É uma preocupação grande, sim, esse aspecto", alerta.

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