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Flávio Dino descarta demitir secretários que receberam "dama do tráfico" no Ministério da Justiça

"Se eu fizesse isso (a demissão), quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu", avaliou

O ministro da Justiça, Flávio Dino O ministro da Justiça, Flávio Dino  - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Em meio à fritura política que vem sofrendo pela ida da "dama do tráfico" ao Ministério da Justiça, Flávio Dino afirmou nesta quinta-feira que não pretende demitir os secretários que realizaram audiências com ela. Luciane Barbosa Farias é mulher de um chefe de facção no Amazonas, e esteve duas vezes na sede do ministério, em Brasília. A demissão dos subordinados, para Dino, significaria uma desmoralização dele como chefe.

" Os secretários que receberam (Luciene) praticaram algum ato ilegal? Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê? É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade. Eu tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu" afirmou Dino, em um evento no Ceará nesta quinta-feira ao jornal "O Estado de S.Paulo".

A publicação revelou que Luciane esteve na pasta em duas ocasiões com o secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz. Ela é mulher de Clemilson Farias, o Tio Patinhas, chefe do Comando Vermelho no Amazonas, que está preso, cumprindo pena de 31 anos. Ela também foi sentenciada a 10 anos, mas responde em liberdade.

Ainda no Ceará, Dino afirmou que os ataques recebidos são uma demonstração de "desespero político" da oposição:

"Obviamente é um desespero político de quem está insatisfeito com o combate ao crime organizado que nós estamos fazendo" complementou.

O ministro vem sofrendo ataques da oposição, mas também de uma ala governista. Na última quarta-feira, Lula saiu em defesa de Dino e afirmou que o auxiliar vem sendo alvo de “absurdos ataques artificialmente plantados”. Outros integrantes do primeiro escalão também prestaram solidariedade ao colega de Esplanada.

O petista afirmou que Dino “já disse e reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa”. Ele atribuiu os ataques a interesses contrariados pelo Ministério da Justiça. “Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira”, postou o presidente na quarta-feira.

Esse episódio com a "dama do tráfico", somado a crises de segurança que atingem estados como Rio e Bahia, além de sinais emitidos pelo Senado enfraqueceram o nome de Dino para ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Auxiliares de confiança de Lula avaliam que, nesse cenário, o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, ganhou fôlego na disputa que ele trava com o colega de governo nos bastidores.

Custo da ida a Brasília
O caso também respingou no ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A “dama do tráfico” teve uma viagem para Brasília, com o objetivo de participar de um evento, custeada pela pasta. Após o caso repercutir, Silvio Almeida classificou o caso como uma “tentativa generalizada” de “fabricar escândalos” por parte de “extremistas de direita”.

Ao custear uma viagem para Brasília de Luciane Barbosa Farias, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania pagou as passagens aéreas de ida e volta, entre Manaus e a capital federal, e também arcou com os custos referentes a três diárias. Ao todo, o desembolso de verba pública para que Luciane participasse do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, realizado nos dias 6 e 7 de novembro, foi de R$ 5.909,07.

A maior fatia ficou por conta do trajeto de avião entre Brasília e a capital amazonense: R$ 4.861,22. Já o montante relativo às três diárias foi de R$ 1.047,85. As informações constam no Painel de Viagens mantido pelo governo federal, que não fornece maiores detalhamentos das despesas.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, o pagamento aconteceu após Luciane ter sido indicada para participar do evento em Brasília pelo Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas (CEPCT-AM), como representante local. De acordo com a pasta, ainda que o dinheiro que bancou os voos e diárias saia de sua verba, os colegiados estaduais têm "autonomia administrativa e orçamentária".

Em nota divulgada quando o custeio veio à tona, o ministério informou que o Comitê de Prevenção e Combate à Tortura, por meio de ofício, solicitou às versões estaduais do órgão "que indicassem representantes para participação da atividade". O texto afirma, então, que "o Comitê estadual do Amazonas, por sua vez, indicou Luciane Barbosa Farias como representante a participar do evento", acrescentando em seguida que "todos os convidados tiveram suas passagens e diárias custeadas".

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