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RIO DE JANEIRO

Flordelis fala pela primeira vez diante do júri neste sábado (12), após cinco dias de julgamento

Pastora e ex-deputada está no banco dos réus ao lado de três filhos e uma neta pela morte do pastor Anderson do Carmo

Flordelis Flordelis  - Foto: Brunno Dants/TJRJ

Após cinco dias de depoimentos de testemunhas, o julgamento de Flordelis dos Santos começará neste sábado (12) com os interrogatórios dos acusados. A pastora está no banco dos réus ao lado de três filhos e uma neta pela morte do pastor Anderson do Carmo. A primeira a falar deve ser Simone dos Santos, filha biológica da ex-deputada e enteada da vítima. Flordelis deve ser ouvida ainda neste sábado e levar ao tribunal as denúncias de abuso sexual contra o pastor.

Não se sabe se todos os cinco réus do processo irão prestar depoimento. Caso queiram falar no juri, eles têm o direito de responder perguntas apenas da defesa. Além de Flordelis, são julgados três de seus filhos — Simone dos Santos Rodrigues, Marzy Teixeira e André Luiz de Oliveira — e uma neta, Rayane dos Santos. Todos são acusados de envolvimento na execução de Anderson.

Após o interrogatório dos réus, começará os debates entre a defesa e a acusação. Há a possibilidade deles ocorrerem imediatamente após os depoimentos ou se a sessão será suspensa. Caso o julgamento não seja interrompido, os debates devem ser feitos na noite e madrugada de sábado. Primeiro terá palavra a acusação – promotor de Justiça e em seguida o assistente de acusação. Eles poderão falar por duas horas e meia, dividindo esse tempo, pedindo pela absolvição ou condenação dos réus, a depender das provas apresentadas no julgamento. Depois, terão direito a falar também por duas horas e meia a defesa dos acusados. Eles terão que dividir o tempo total disponível. Os mesmos advogados defendem Flordelis, Rayane, André e Marzy. Apenas Simone é representada por outra advogada, Daniela Grégio.

Após a explanação da defesa, MP e assistente de acusação terão duas horas de réplica e em seguida, os advogados terão mais duas horas de tréplica. Devido ao número de réus, a defesa deve pedir que o tempo do debate seja aumentando.

Os jurados votarão quesitos, formulados pela juíza, sobre a existência ou não do crime, autoria ou participação dos réus, se devem ser absolvidos, se existem causas de aumento de pena, entre outros. A votação acontece na chamada sala secreta. Após a votação, a magistrada elabora a sentença e estipula a pena, de acordo com os quesitos votados pelos jurados.

Flordelis chora durante depoimento: ‘Me perdoa’
Ao longo dos depoimentos das testemunhas, Flordelis pouco tem se expressado. Nos cinco dias de juri, pastora passou a maioria do tempo de cabeça baixa e enrolada em uma manta bege. Mas em alguns momentos se emociona com os relatos. Quando isso ocorre, ela ou qualquer um dos réus deixam o plenário acompanhados por um advogado e um policial. No segundo dia de julgamento, durante a oitiva de Wagner Pimenta, o Misael, ela passou mal e ficou quase uma hora fora do juri.

Nesta quinta-feira, durante o depoimento do desembargador Siro Darlan, que entre 1990 e 2005 foi juiz da Vara da Infância e Adolescência do Rio, Flordelis se levantou e, chorando pediu desculpas ao magistrado. Enquanto juiz da Vara da Infância e Juventude, Siro foi o responsável por regularizar a situação das crianças que viviam com Flordelis no meio dos anos 90, quando a ex-deputada era alvo de ações da Justiça. Darlan explicou que uma das exigências feitas na época era de a pastora explicar a origem das crianças, mas que nunca foi feito.

— Me perdoa, doutor Siro, obrigada por tudo que você fez por mim. Sou inocente. Estou muito envergonhada — falou, enquanto era retirada do plenário pela sua defesa para se acalmar. Apesar do prosseguimento do julgamento, a ex-deputada não retornou mais ao juri neste dia.

Nos depoimentos de testemunha de defesa, os réus se emocionaram durante os relatos de Lorrane dos Santos e Rafaela Oliveira - filhas de Simone e netas de Flordelis. Elas narram sofrer abusos sexuais de Anderson do Carmo. Rafaela contou ao tribunal que teria sido estuprada pelo pastor quando ainda era adolescentes.

- Estava dormindo e comecei a sentir carinho na minha perna, mas achei era minha mãe (Simone). Senti o carinho subindo pela minha perna e despertei. Nisso Anderson puxou minha calcinha de lado e introduziu o dedo em mim. Virei de lado rápido e minha mãe levantou e partiu pra cima dele. Ele só foi embora como se nada tivesse acontecido. Estava de férias do colégio e no dia seguinte fiquei fugindo da minha mãe - afirma Rafaela.

O advogado da família de Anderson do Carmo e assistente de acusação no processo nega que o pastor tenha cometido os atos.

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