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FMI e Banco Mundial se reúnem no Marrocos para falar de reformas e mudança climática

A expectativa é que as conversas se concentrem na África, devido a crise da dívida que assola vários de seus países

Sede do FMI em Washington, nos Estados UnidosSede do FMI em Washington, nos Estados Unidos - Foto: Zach Gibson/AFP

Meio século depois de seus últimos encontros anuais no continente africano, o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) se reúnem na África a partir desta segunda-feira (9) em Marrakech, Marrocos, para falar de reformas e do financiamento contra a mudança climática.

Ambas as instituições costumam organizar suas reuniões fora da sede em Washington, D.C., uma vez a cada três anos, mas a edição de Marrocos -originalmente prevista para 2021 - teve de ser adiada duas vezes, devido à pandemia da covid-19.

E, em setembro, um mês antes da chegada dos participantes da reunião, um terremoto atingiu a região, deixando cerca de 3.000 vítimas e grandes danos. Ainda assim, o governo confirmou que a realização desse evento, que dura uma semana, está mantida.

"O país passou por um momento muito difícil há um mês, mas saiu mais resiliente e unido do que nunca", declarou a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, durante a primeira entrevista coletiva do dia, depois de ter visitado "escolas do Atlas destruídas pelo terremoto".

Espera-se que muitas das conversas se concentrem na África, uma vez que o continente enfrenta tanto uma crise da dívida que assola vários de seus países, quanto as consequências da mudança climática e de uma pobreza que diminui mais lentamente do que em outras áreas do planeta.

Na quinta-feira, durante seu tradicional discurso de inauguração, Georgieva destacou, em Abidjan (Costa do Marfim), que "um século XXI próspero precisa de uma África próspera", especialmente levando-se em consideração o envelhecimento da população nas economias avançadas.

As primeiras medidas anunciadas devem ser, sobretudo, simbólicas, como a criação de um terceiro cargo para os países africanos nos conselhos de administração de ambas as instituições, o que lhes daria a oportunidade de se fazerem ouvir com mais força.

Aumentar a capacidade de empréstimo 
O grosso das conversas vai girar em torno do financiamento, tanto para suas missões específicas (erradicação da pobreza e ajuda aos países em dificuldade) quanto para aliviar os efeitos da mudança climática.

Os principais países não se mostraram favoráveis a aumentar o capital, uma iniciativa que também reforçaria o peso de grandes países emergentes como China e Índia.

Em relação ao Banco Mundial, o principal avanço deverá ser a confirmação de mais 50 bilhões de dólares (257,5 bilhões de reais na cotação do dia) nos próximos dez anos. Seu presidente, Ajay Banga, espera ir mais longe e elevar o total para 100 bilhões, ou 125 bilhões de dólares (R$ 515 bilhões e R$ 643,7 bilhões na cotação do dia), graças às contribuições das economias avançadas.

Ainda assim, é pouco provável que essa questão seja resolvida em Marrakech.

Não há expectativa de grandes progressos em termos de financiamento climático, apesar das muitas vozes que criticam a falta de ajuda nesta matéria por parte de ambas as instituições.

As ONG planejam vários atos em Marrakech esta semana para denunciar o que consideram uma falta de vontade, por parte das duas instituições, de combater o aquecimento global.

Nesta segunda-feira, uma grupo de cerca de dez pessoas se reuniu em frente à entrada do centro de conferências, onde reivindicaram "o fim do financiamento das energias fósseis".

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