FMI espera menor crescimento para América Latina em 2022 com cortes no Brasil e México
PIB do Brasil crescerá apenas 0,3% em 2022, conforme destacou o FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu, nesta terça-feira (25), a projeção de crescimento econômico para a América Latina e o Caribe este ano, com cortes acentuados para Brasil e México, as duas principais economias da região.
O PIB do Brasil crescerá apenas 0,3% e o do México 2,8%, em ambos os casos 1,2 ponto percentual a menos que a projeção anterior, destacou o FMI.
"Temos uma baixa significativa tanto para o Brasil quanto para o México", disse à imprensa a vice-diretora gerente do FMI, Gita Gopinath.
Entre os fatores que pesam sobre o corte, ela mencionou as pressões inflacionárias, interrupções na cadeia de abastecimento e a variante ômicron do coronavírus.
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Ao atualizar suas "Perspectivas da Economia Mundial" (WEO em inglês), o FMI apontou que no Brasil "a luta contra a inflação provocou uma resposta forte de política monetária, que pesará sobre a demanda interna". E acrescentou que "uma dinâmica parecida acontece no México, embora em menor medida", referindo-se aos aumentos das taxas de juros por parte dos bancos centrais dos dois países.
"Além disso, a redução da previsão de crescimento dos Estados Unidos traz consigo a perspectiva de uma demanda externa do México mais fraca que o esperado em 2022", apontou.
Gopinath destacou a "forte recuperação" do Brasil da crise desencadeada em 2020 pela pandemia de coronavírus, destacando que voltou aos níveis da atividade de antes da emergência sanitária no início de 2021, o que explica os níveis de crescimento "mais normais".
Por outro lado, disse que para o Brasil o aumento dos preços de exportção pode ser moderado, por exemplo, para o minério de ferro.
No caso do México, ressaltou um crescimento mais fraco que o previsto nos últimos dois trimestres "devido a novas interrupções no abastecimento".
O FMI espera que em 2022 a expansão do PIB da América Latina e Caribe seja dois pontos percentuais menor que a do PIB global, revisado para baixo em 4,4% devido principalmente à desaceleração nos Estados Unidos e China.
"Os países (da região) também deveriam começar a olhar para o futuro para tentar alcançar níveis mais altos e bons de crescimento a médio prazo", afirmou Gopinath.
Nessa atualização do WEO, o FMI não apresenta suas previsões para todos os países latino-americanos e caribenhos, que serão publicadas em abril.
No entanto, o FMI incluiu a Argentina entre os poucos países do mundo cuja previsão de crescimento para 2022 não foi reduzida.
Para a terceira economia da América Latina, que negocia há meses o refinanciamento de uma dívida de 44 bilhões de dólares com o FMI, o órgão prevê um crescimento de 3% em 2022, depois de uma contração de 9,9% em 2020 e uma expansão de 10% em 2021.
Para 2023, o FMI espera que o PIB da América Latina e Caribe cresça 2,6%.