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Força-tarefa na Mata do Sacramento

Pesquisadores se mobilizam para proteger o habitat remanescente do macaco guariba, animal sob risco de extinção no Estado

Luciano Siqueira, do PCdoB, é vice-prefeito do RecifeLuciano Siqueira, do PCdoB, é vice-prefeito do Recife - Foto: Folha de Pernambuco

 

Em Pernambuco, o último reduto de Mata Atlântica que serve de refúgio para o macaco guariba (Alouatta belzebul) corre sério risco de sumir. O alerta é de representantes da Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan). Na Mata do Sacramento, no município de Água Preta (Zona da Mata Sul), vivem os últimos indivíduos da espécie, também conhecida como macaco capelão ou macaco barbado.

Segundo a Aspan, além da pressão da caça, 5 dos 120 hectares da área foram desmatados. Um grupo de trabalho foi montado a fim de traçar, junto ao Estado, um plano emergencial de conservação do remanescente florestal.
 
Na primeira reunião do grupo, na sede da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, foi feito um levantamento de pesquisas já realizadas por pesquisadores da UFPE, UFRPE, UFAL e UFPB. De acordo com o Centro de Conservação e Pesquisa dos Primatas Brasileiros do ICMBio no Estado, a Mata de Sacramento é a única que tem a espécie, classificada como vulnerável na lista de espécies ameaçadas.
A pesquisadora Maria Adélia Oliveira, do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE, que estuda a Mata do Sacramento desde 1988, relata o nível de vulnerabilidade da espécie: só 12 ou 13 indivíduos, pertencentes a três diferentes famílias, foram vistos no último ano.
Apesar de não saber estimar o quanto diminuiu a população, Adélia conta que a mudança de comportamento dos mamíferos reflete o quanto o cenário é preocupante. “Eles estão deixando de emitir seu som característico como forma de se adaptar e proteger seu território”, lamenta.
Segundo a UFRPE, grupo assessor que acompanha o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas do Nordeste, a taxa de vocalização desses animais, se comparada à de outras localidades, não chega a 1%. “Ainda chegamos a ver dois filhotes, um milagre diante de um assassinato ambiental desse", observa a pesquisadora.
Membro do Conselho Diretor da Aspan, Alexandre Mou­ra ressalta que a derrubada de árvores abre clareiras em meio à mata, compromete o banco de alimentos desses mamíferos e limita seu espaço de locomoção entre árvores. “A dieta desses animais é, basicamente, de folhas jovens. Sem árvores, como vão se alimentar?”
Além de apontar a fiscalização como medida de rápido efeito, Moura chama a atenção para ações de médio e curto prazo, como criação de unidade de conservação, implantação de corredores ecológicos e ações de educação ambiental.

 

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