Fórum da Paz de Paris começa com expectativa de negociação na Venezuela
A quinta edição deste fórum conta com a presença dos presidentes da Colômbia e da Argentina
O Fórum da Paz de Paris abre suas portas nesta sexta-feira (11) com o desafio de impulsionar nos bastidores a negociação no México entre governo e oposição da Venezuela, que o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu para ser retomada "o quanto antes".
"Os venezuelanos e outros países latino-americanos nos perguntaram se o fórum poderia sediar um diálogo este ano entre as partes venezuelanas que até agora não se falavam", disse à AFP o presidente do evento, Pascal Lamy.
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Macron, o presidente colombiano, Gustavo Petro, e seu homólogo argentino, Alberto Fernández, "vão iniciar esse diálogo hoje", afirmou Lamy, para quem seu resultado dependerá das "condições" das delegações venezuelanas.
A quinta edição deste fórum conta com a presença dos presidentes da Colômbia e da Argentina, além de um discurso por vídeo do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora Macron tenha promovido o evento em 2018 para pensar a governança mundial e o multilateralismo, também busca "oferecer um espaço de diálogo para prevenir conflitos", como é o caso da crise na Venezuela.
Paris e a organização buscam criar uma dinâmica para que o processo seja retomado no México. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o congelou em outubro de 2021 após a extradição para os Estados Unidos de Alex Saab, um empresário próximo.
"As negociações entre o governo e a oposição devem ser retomadas o mais rápido possível no México, começando com um acordo humanitário e depois - espero - com garantias políticas", disse o líder francês no dia anterior, ao receber seu colega argentino no Eliseu.
Na prática, espera-se uma reunião privada entre as delegações venezuelanas à tarde, segundo uma fonte familiarizada com o assunto. Macron, Petro e Fernández também devem realizar "uma reunião sobre a Venezuela" às 17h00 GMT (14h00 em Brasília), de acordo com a agenda do argentino.
Maduro, cuja reeleição em 2018 não é reconhecida pelos Estados Unidos, França e outros 50 países, enviou o líder da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, conforme disse ao seu homólogo francês na segunda-feira durante uma discussão informal à margem da COP27 em Egito.
A oposição venezuelana confirmou em nota a presença de Gerardo Blyde – o outro principal negociador do processo mexicano – para apresentar sua "visão" e destacar "a importância de obter resultados com urgência".
A situação internacional mudou desde 2018, após uma pandemia global e uma ofensiva russa na Ucrânia, que provocou um aumento nos preços do petróleo e dos alimentos, bem como problemas de fornecimento de fertilizantes.
Na América Latina, vários governos se voltaram recentemente para a esquerda, como Chile, Colômbia e Brasil. O apoio à oposição de Juan Guaidó na Venezuela, que se autoproclamou presidente interino em 2019, parece perder força no mundo.