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Etiópia

Fósseis etíopes do Homo sapiens são 35 mil anos mais antigos do que se pensava

Foi necessário analisar cinzas de vulcões para determinar a idade do fóssil "Omo Kibish 1", conhecido como o mais antigo detectado no leste da África

Esta fotografia divulgada pela Universidade de Cambridge em 12 de janeiro de 2022 mostra uma visão geral da 'Formação Omo-Kibish' no Parque Nacional Omo, sudoeste da Etiópia, em 14 de novembro de 2018Esta fotografia divulgada pela Universidade de Cambridge em 12 de janeiro de 2022 mostra uma visão geral da 'Formação Omo-Kibish' no Parque Nacional Omo, sudoeste da Etiópia, em 14 de novembro de 2018 - Foto: Celine Vidal / University of Cambridge / AFP

Um dos fósseis mais antigos de Homo sapiens, encontrado na Etiópia, poderia ter 230.000 anos, 35.000 a mais do que se pensava, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (12) na revista Nature.

Em 1967, a equipe do paleontólogo queniano Richard Leakey descobriu os restos de "Omo Kibish 1" no vale do Omo, no sul da Etiópia. A região é conhecido em todo o mundo por seus numerosos hominídeos pré-históricos.

Os restos estavam muito danificados e por isso era difícil determinar a idade dos fósseis. Durante muito tempo, os especialistas estiveram divididos sobre sua antiguidade.

Mas em 2005, um grupo de geólogos analisou a camada de rocha logo abaixo da descoberta e determinou que Omo I tinha pelo menos 195.000 anos de antiguidade. Tornou-se, assim, o fóssil mais antigo detectado no leste da África.

"Ainda havia muita incerteza em relação à sua idade", explica à AFP Céline Vidal, principal autora do estudo publicado nesta quarta-feira na Nature, referindo-se a Omo I. 

Por isso, a vulcanóloga da Universidade de Cambridge decidiu explorar novamente a bacia sedimentar de Omo Kibish, alimentada pelo rio Kibish. 

Situada no Grande Vale do Rift, a região sofreu violentas erupções vulcânicas entre 300.000 e 60.000 anos antes de Cristo.

Erupções vulcânicas e cinzas

Para se obter uma data mais precisa era necessário analisar a grossa camada de cinzas depositada sobre os fósseis, explicou Vidal. 

"Neste momento era quase impossível, já que a cinza era muito fina, quase como farinha", detalhou.

Graças a métodos mais sofisticados disponíveis hoje em dia, a equipe de Vidal pôde examinar a camada de cinzas que cobria os restos e relacionar estes depósitos vulcânicos com uma explosão colossal do vulcão Shala há 233.000 anos.

As análises permitiram datar os fósseis de Omo debaixo desta camada em aproximadamente "233.000 anos, com margem de erro de 22.000 anos", detalhou o estudo, lembrando que os restos poderiam ser inclusive mais antigos.

"Trata-se de um grande salto no tempo", disse o coautor do estudo e paleoantropólogo Aurelien Mounier. 

Ele acrescentou que a nova idade mínima de Omo I é mais coerente com as teorias mais recentes da evolução humana.

Também o aproxima da idade dada aos que atualmente são considerados os restos de Homo sapiens mais antigos, descobertos no Marrocos em 2017 e que têm 300.000 anos.

Mas segundo Mounier, é o crânio etíope que constitui "a prova mais sólida da presença mais remota de Sapiens" em toda a África. 

Quando se comparam as abóbadas cranianas dos dois espécimes, o Omo 1 "é o único que possui plenamente as características morfológicas do homem moderno".

A forma mais alongada do crânio de Jebel Irhoud, do Marrocos, sugere um formato mais primitivo.

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