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França avalia criação de licença médica para mulheres com menstruação dolorosa

O texto da proposta deve ser apresentado no dia 26 de maio

França avalia criação de licença médica para mulheres com menstruação dolorosaFrança avalia criação de licença médica para mulheres com menstruação dolorosa - Foto: Pexels

A França avalia a possibilidade de conceder licença médica menstrual a mulheres que sofrem com menstruações dolorosas, alguns meses após a Espanha adotar uma medida semelhante.

O objetivo é elaborar um projeto de lei para criar uma licença menstrual indenizada, respeitando o sigilo médico.

"Vamos poder dar o nosso parecer" quando as propostas forem apresentadas "e tivermos visibilidade sobre seu conteúdo", disse a ministra francesa da Igualdade, Isabelle Rome, em um comunicado enviado à AFP.

O texto deve ser apresentado no dia 26 de maio.

Este afastamento remunerado já está em vigor no município de Saint-Ouen, perto de Paris, que ofereceu recentemente a licença menstrual para suas funcionárias que sofrem de dores intensas, ou de endometriose, e a fabricante de móveis Louis Design.

"Não devemos parar em iniciativas individuais, devemos generalizar este sistema para todas as mulheres que precisam dele", disse à AFP o deputado ambientalista Sébastien Peytavie.

Junto às deputadas de seu partido, Marie-Charlotte Garin e Sandrine Rousseau, Peytavie lançou uma consulta sobre o assunto com associações feministas e representantes da saúde e empresariais.

"É o momento certo para fazer este projeto de lei na França, o interesse pelo assunto é muito forte, a população está pronta", disse a parlamentar do Partido Socialista Fatiha Keloua Hachi, esperando apresentar o texto "o mais rápido possível".

No entanto, para a doutoranda da Universidade de Genebra Aline Boeuf essa questão ainda não é totalmente aceita no ambiente de trabalho.

"As experiências das mulheres, como a menstruação, a gravidez, ou a menopausa, ainda não são levadas em consideração" pelos empresários, analisa.

A saúde da mulher como um "tabu"
De acordo com a Confederação francesa das Pequenas e Médias Empresas (CPME), esta nova medida pode causar "desorganização" nas empresas menores.

Além disso, "nem todas as mulheres vivem este período da menstruação da mesma forma, e quem precisa pode pedir licença" a um médico, disse a vice-presidente da CPME, Stéphanie Pauzat.

Já a associação patronal Medef alega que a licença menstrual "passaria a imagem de que as mulheres não podem ocupar os mesmos cargos que os homens".

Organizações feministas também temem que a criação da medida possa levar à discriminação durante o processo de contratação de mulheres.

"É uma boa ideia encontrar uma solução de emergência para mulheres com menstruação dolorosa, ou endometriose, mas o problema deve ser abordado em sua totalidade", diz Maud Leblon, diretora da associação Règles Elémentaires, que luta contra o tabu em torno da menstruação.

Cerca de uma a cada dez mulheres sofre de endometriose, uma condição ginecológica inflamatória crônica que pode se manifestar por meio de ciclos menstruais acentuados e dores intensas.

"A saúde da mulher tem sido ignorada e um tabu há muito tempo", disse Rome. "É imperativo que nunca mais seja uma fonte de insegurança, ou um obstáculo à conciliação da vida pessoal e profissional", afirmou.

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