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Saúde

França culpa 'alisamento brasileiro' por intoxicação que causou internação de 4 pessoas; entenda

Agente usado no tratamento capilar, o ácido glioxílico, pode ter causado insuficiência renal aguda segundo o Ministério da Saúde da França

França culpa 'alisamento brasileiro' por intoxicação que causou internação de 4 pessoas; entendaFrança culpa 'alisamento brasileiro' por intoxicação que causou internação de 4 pessoas; entenda - Foto: Freepik

Entidades francesas alertaram para o risco à saúde de um tratamento capilar conhecido como “alisamento brasileiro”, que se tornou moda no país e possivelmente causou intoxicação de quatro mulheres em 2024. O comunicado ocorreu há duas semanas.

Tanto o Ministério da Saúde quanto a Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anses, na sigla em francês) indicaram que um dos produtos utilizados no procedimento, o ácido glioxílico, pode ter sido o responsável pelos problemas de saúde das mulheres que tinham entre 28 anos e 42 anos.

As autoridades, então, emitiram o comunicado "desaconselhando" o uso de produtos de alisamento contendo ácido glioxílico, seja para cabeleireiros e seus clientes ou pessoas que aplicam essas preparações em casa dois dias após uma das mulheres receber alta do hospital, de acodo com Le Monde, três delas tiveram que ser internadas.

"É absolutamente necessário passar a mensagem, especialmente para os mais jovens, de não fazer o alisamento brasileiro", diz a diretora de alertas e vigilância da Anses, Juliette Bloch, ao Le Monde. E continua: “É óbvio que há muitos outros casos que, hoje, não nos voltam. O alisamento brasileiro é muito comum, não é apenas para penteados afro”.

Como foram notificados
Permitindo obter uma aparência lisa e brilhante do cabelo por vários meses, o método logo se tornou um dos preferidos pelo público feminino. Entretanto, algumas clientes que não possuíam histórico de doenças renais, começaram a ter sintomas periódicos, como vômitos, diarreia, febre e dores nas costas – que se enquadraram em uma intoxicação renal - após a aplicação do produto e todas no mesmo salão de beleza, informaram nefrologistas franceses, em uma carta publicada em 21 de março de 2024 no Jornal de medicina de New England (NEJM, sigla em inglês).

Essas quatro pessoas, que foram hospitalizadas após serem envenenadas entre janeiro e agosto de 2024, "se recuperaram após o tratamento", de acordo com a agência, que lançou uma investigação sobre a toxicidade renal dessa substância química em aplicações capilares.

A gerente de projetos de cosméticos da Anses, Sandrine Charles, revela que além das quatro ocorrências, “cerca de 20 casos foram relatados em Israel nos últimos anos, e um na Suíça”.

Como ocorre a intoxicação
Em março deste ano, um estudo científico francês mostrou que o ácido glioxílico presente em praticamente todos os cosméticos usados nos tratamentos de alisamento capilar podia ter um impacto negativo nos rins. Desde junho, a Academia Francesa de Medicina vem recomendando, baseada nesses dados, que “mensagens de alerta e informação sejam enviadas aos profissionais de saúde, salões de cabeleireiro e varejistas de cosméticos”.

Uma das teorias é que a cabelereira injeta queratina diretamente no cabelo, e os fecha com placas de aquecimento. O produto não pode entrar em contato com a pele, entretanto “podemos imaginar que é complicado de evitar, principalmente durante a fase de enxágue.

Dentro do corpo, o ácido se transforma em pequenos cristais [oxalato de cálcio] que eventualmente bloqueiam o funcionamento dos rins", informa a coordenadora especialista em produtos cosméticos da Anses, Pauline Guillou, ao jornal Le Parisien.

Mas segundo Juliette, o ácido glioxílico também entra na corrente sanguínea por meio do couro cabeludo. E, nesse caso, a substância “pode se transformar em cristais de oxalato de cálcio”.

As quatro mulheres se recuperaram após tratamento, de acordo com a entidade.

O ANSE ainda afirma que buscam realizar novas análises sobre a toxidade do produto e alterar a regulamentação europeia “a fim de regulamentar adequadamente a utilização da susbstância”.

“Logo que o primeiro caso foi analisado, a Anses tomou a questão por sua própria iniciativa, a fim de realizar um inventário dos conhecimentos sobre a toxicidade renal do ácido glioxílico na aplicação capilar. Os conhecimentos especializados da Agência visam documentar uma proposta de alteração das disposições regulamentares europeias, a fim de regulamentar adequadamente a utilização desta substância, que atualmente não está restrita aos produtos cosméticos”, comunicaram em nota.

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