França recomenda UE "limitar ou mesmo proibir" produtos usados em "alisamento brasileiro"
Autoridades de saúde locais que substância pode causar insuficiência renal aguda
As autoridades de saúde da França reforçaram nesta quinta-feira uma recomendação para que não sejam usados produtos para alisamento de cabelo que contenham ácido glioxílico, uma vez que eles porque podem causar insuficiência renal aguda. O país apela à União Europeia (UE), para que ela decida sobre a limitação, ou mesmo a proibição, desta substância nos cosméticos.
Em meados de outubro, a Agência Nacional de Segurança Alimentar, Ambiental e de Saúde Ocupacional (ANSES) desaconselhou os salões de cabeleireiro e as pessoas físicas a usar os chamados produtos de "alisamento brasileiro" e as empresas a não vendê-los. A ANSES agiu então por precaução, enquanto aguardava as conclusões de uma perícia, após três relatos de efeitos adversos graves em mulheres que fizeram alisamento brasileiro em salão.
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Em um parecer publicado nesta quinta-feira e também baseado em estudos científicos, a agência considera “altamente provável” que o ácido glioxílico tenha causado estes três casos de insuficiência renal aguda – ao passar para a corrente sanguínea através do couro cabeludo, transformando-se em cristais de oxalato de cálcio, danificando o rim.
A ANSES recomenda, portanto, que seja realizada uma avaliação de risco a nível europeu, “para limitar ou mesmo proibir o uso desta substância”. Ela também quer que sejam identificados outros produtos que possam “degradar-se em ácido glioxílico” e “suscetíveis de liberar formaldeído, uma substância cancerígena, durante a fase de aquecimento do cabelo”.
Uma vez transmitido este parecer pelas autoridades francesas, a Comissão Europeia terá de submeter o assunto ao seu Comitê Científico para a Segurança do Consumidor (CSSC), o único autorizado a regular a utilização de uma substância através do regulamento europeu sobre cosméticos. Até o momento, o ácido glioxílico nunca foi avaliado pela UE e a sua utilização não está regulamentada nem limitada.
Em Israel, os produtos para alisamento capilar que contenham ácido glioxílico estão proibidos desde 2022 – “mas não os que contêm derivados”, especifica a ANSES. No país, de 2019 a 2022, foram identificados 26 casos de insuficiência renal aguda grave, na sequência da utilização de produtos para alisar o cabelo (causando dores abdominais e lombares, náuseas, vômitos, erupções cutâneas) e considerados atribuíveis a esta substância. Tal como na França, após a reidratação dos pacientes, a função renal voltou ao normal.
O ácido glioxílico também é utilizado na composição de produtos de limpeza e móveis – principalmente para inibir a corrosão – ou de curtumes.