religião

Francisco conclui viagem mais longa de seu pontificado e afasta dúvidas sobre sua saúde

O papa viajou com seu médico pessoal e duas enfermeiras (o protocolo habitual), mas não foram divulgados detalhes sobre seu estado de saúde

O Papa Francisco usa uma guirlanda de flores ao chegar para um encontro inter-religioso com jovens no Catholic Junior College em Cingapura, em 13 de setembro de 2024.O Papa Francisco usa uma guirlanda de flores ao chegar para um encontro inter-religioso com jovens no Catholic Junior College em Cingapura, em 13 de setembro de 2024. - Foto: Tiziana Fabi / AFP

O papa Francisco retornou a Roma nesta sexta-feira (13), após uma viagem de 12 dias a quatro países do sudeste da Ásia e da Oceania, a mais longa e distante de seu pontificado, durante a qual dissipou dúvidas sobre sua saúde.

O avião do pontífice, que partiu de Singapura, chegou à capital italiana às 19h00 locais (14h em Brasília), no aeroporto de Fiumicino, informou uma jornalista da AFP que o acompanhou durante a viagem.

Após passar por Indonésia, Papua-Nova Guiné e Timor Leste, Francisco fez um discurso repleto de energia e humor em Singapura para quase 600 jovens de diferentes religiões em uma escola católica da cidade-Estado, aos quais pediu que evitem ser "escravos" da tecnologia.

"Corram riscos, saiam", disse Francisco.

A bordo do avião papal, o jesuíta argentino concedeu a tradicional entrevista coletiva para os jornalistas que o acompanham, a primeira desde sua viagem internacional anterior, há um ano, para a cidade francesa de Marselha.

No encontro com os comunicadores, Francisco lamentou a falta de avanço nas negociações para colocar fim à guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

"Às vezes as pessoas dizem que é uma guerra defensiva ou não, mas às vezes penso que é muita, muita guerra e não me parece que estejam sendo tomadas medidas para alcançar a paz", declarou.

Em outras declarações, o pontífice disse que a China é promissora para a Igreja.

"Gostaria de visitar a China porque é um grande país; admiro a China, respeito a China. É um país com uma cultura milenar, com uma capacidade de diálogo, de entendimento, que vai muito além dos diferentes sistemas de governo que teve", afirmou Francisco.

"Acredito que a China é uma promessa e uma esperança para a Igreja", acrescentou o papa, de 87 anos.

Ao encerrar sua última viagem, um trajeto ambicioso de 33 mil quilômetros provocou dúvidas sobre a capacidade de Jorge Bergoglio, que utiliza uma cadeira de rodas em seus deslocamentos, de resistir à viagem, três meses antes de seu aniversário de 88 anos e pouco mais de 12 meses após ser submetido a uma operação abdominal.

Mas nem a agenda intensa de 16 discursos e os vários eventos oficiais, o 'jet-lag' ou calor tropical provocaram grande impacto no chefe da Igreja Católica.

Ao longo da viagem, Francisco demonstrou animação e energia, em particular durante um dos principais pontos da viagem, uma missa para 600 mil fiéis em Díli, capital de Timor Leste.

Durante duas horas e sob um forte calor, o pontífice reagiu com animação aos testemunhos que eram lidos e pediu ao intérprete que traduzisse as suas declarações.

Ele pareceu mais sombrio nos desfiles militares em sua homenagem, uma tradição que nunca o agradou, ou durante a última missa de quinta-feira em Singapura, quando o cansaço começou a aparecer em seu rosto.

"Não está cansado, está feliz"
O papa viajou com seu médico pessoal e duas enfermeiras (o protocolo habitual), mas não foram divulgados detalhes sobre seu estado de saúde, uma questão sobre a qual o Vaticano mantém a máxima discrição.

A 45ª viagem internacional do papa confirma a importância das visitas aos países para Francisco, que sempre preferiu o contato revigorante com as multidões.

"Em seu espírito, o papa não está cansado, está feliz. É uma perspectiva muito diferente, também muito cristã, de ver as coisas", declarou à AFP o diretor do serviço de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

"Mais do que se concentrar no cansaço, ele insiste na alegria que o nutre durante estas visitas. E é isso que lhe permite seguir em frente", acrescentou.

"Parar não faz parte do seu DNA", explica uma fonte do Vaticano. "Para ele, ser papa é viver a 100%, com o risco de não prestar atenção em si. E é também esse altruísmo que emociona os fiéis", destaca.

A viagem histórica, adiada em 2020 devido à pandemia de covid-19, abordou uma ampla série de temas importantes para o papa: o diálogo com o islã na Indonésia, a luta contra o abuso infantil em Timor Leste, a proteção ao meio ambiente em Papua-Nova Guiné e a defesa dos direitos dos trabalhadores migrantes em Singapura.

De uma mesquita em Jacarta até as ruas movimentadas de Díli, o papa argentino recordou a importância que atribui às "periferias" do planeta por uma Igreja global que gostaria de ser mais aberta.

Francisco tem outra viagem internacional programada a partir de 26 de setembro, com uma visita de quatro dias a Luxemburgo e Bélgica, antes de comandar em outubro a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o futuro da Igreja Católica.

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