Polícia do Rio prende suspeita de fraude de R$ 11 milhões contra plano de saúde
Esquema envolveu 800 vínculos empregatícios falsos em 10 empresas de fachada. Investigadores apuram golpe contra outras operadoras
Uma mulher foi presa nesta segunda-feira numa operação da Polícia Civil do Rio contra fraudes contra a Porto Saúde. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 11 milhões num esquema simulou mais de 800 vínculos empregatícios em 10 empresas de fachada criadas exclusivamente para a contratação de planos de saúde coletivos empresariais.
A investigação começou após a própria operadora identificar o golpe e buscar as autoridades.
Segundo a polícia, depois de criar os CNPJs falsos, a quadrilha vendia indevidamente os planos coletivos a pessoas físicas interessadas. Além do pagamento da mensalidade, taxas de até R$ 4 mil eram cobradas dos usuários, sob a justificativa de ter isenção na carência.
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As investigações apontam Adriana Neves Castro como líder da organização, que também atuava em São Paulo. É em nome dela que eram feitos os pagamentos, tanto das taxas quanto das mensalidades dos planos. Ela foi presa em casa, na cidade de Itaguaí. À TV Globo, ela negou as acusações.
A abordagem aos consumidores acontecia numa clínica médica no município da Região Metropolitana do Rio. A empresa, segundo as investigações, pertence a Adriana.
Alguns beneficiários dos planos chegaram a ser ouvidos pelos investigadores. Em depoimento, eles relataram que participaram da transação em busca de procedimentos que não seriam cobertos por planos em razão do período de carência, como cirurgias bariátricas, partos e até remoção de um tumor cerebral.
Além de Adriana, também estão envolvidos no esquema o filho dela – que recebia os valores numa conta bancária –, pessoas que "captavam" clientes em locais de grande movimentação e ainda um contador. Segundo a polícia, conforme a seguradora detectava irregularidades no contrato com as empresas, o contador abrir um novo CNPJ e migrava os supostos "funcionários".
Também há a suspeita de participação de um médico, responsável por diversas cirurgias bariátricas, que indicava seus pacientes para contratação desses planos de saúde para a realização imediata de consultas e da própria cirurgia.
– Sabemos que outros planos também foram fraudados, mas ainda não conseguimos dimensionar os prejuízos – afirma o delegado da 12ª DP (Copacabana), Ângelo Lages, responsável pelas investigações.
Em nota, a Porto Saúde afirmou que tem investido no combate à fraudes e que continua à disposição para colaborar com as autoridades.
"A abertura de empresas com falsos vínculos empregatícios para a contratação de planos de saúde coletivos é uma prática ilegal e que causa prejuízos não somente às operadoras, mas também aos consumidores que dependem legitimamente do sistema privado de saúde", diz o texto.