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RIO DE JANEIRO

"Frio, calculista e dissimulado": psiquiatra avalia principal suspeito de assassinar Jeff Machado

Depois que o corpo foi descoberto e Bruno de Souza Rodrigues foi considerado um suspeito, o produtor teria criado um personagem fictício

Jeff Machado com Bruno Rodrigues Jeff Machado com Bruno Rodrigues  - Foto: Reprodução/ Instagram

Para o psiquiatra forense Talvane de Moraes, o principal suspeito do assassinato de Jeff Machado é uma pessoa fria e calculista. No entendimento dele, os depoimentos sobre o caso mostram que Bruno de Souza Rodrigues tem um comportamento dissimulado, que tenta, a todo custo, criar uma narrativa para provar sua inocência.

Segundo as investigações, Bruno de Souza Rodrigues teria matado Jeff, após aplicar um golpe por motivos financeiros. O ator foi asfixiado, na própria casa, em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, colocado em um baú e transportado para uma casa alugada em Campo Grande.

— O que mais chama atenção nesse caso é a frieza de Bruno, que teve coragem de ir com familiares do Jeff até o local onde o ator foi morto, quando ele ainda era considerado desaparecido, e fingir que não tinha envolvimento com o caso — explica Moraes.

O episódio a que o psiquiatra se refere aconteceu no dia 6 de fevereiro. Dois dias após o registro de desaparecimento, a família de Jeff descobriu que as chaves da casa e do carro do ator estavam com Bruno. Eles combinaram de buscar os bens na residência do artista, quando o produtor também iria mostrar o imóvel para eles. Diego Machado, irmão de Jeff, decidiu gravar a visitação. As imagens revelam Bruno atordoado e preocupado com o sumiço de Jefferson. Em dado momento, ele leva a mão ao rosto, como se estivesse sofrendo ou emocionado.
 

Depois que o corpo foi descoberto e Bruno foi considerado um suspeito, o produtor teria criado um personagem fictício chamado Marcelo e forjado provas dando a entender que estava sendo ameaçado e coagido. No entanto, essa versão já foi descartada pela polícia. Para o psiquiatra, a experiência no meio artístico pode ter ajudado Bruno na trama criada para colocar uma terceira pessoa na cena do crime:

— Ver a fantasia e a realidade se cruzarem constantemente pode ter ajudado na encenação. Ele elaborou uma história que pudesse, de alguma forma, favorecê-lo como inocente. Isso demonstra o quanto ele é uma pessoa fria e calculista.

O psicologo criminal Gilvan Silva Ferreira explica que é muito comum que criminosos utilizem uma figura “fantasma” em seus relatos.

— É normal que, em casos como esses, os suspeitos falem de uma figura que, apesar da participação deles, foi a que de fato efetuou o crime — explica.

Segundo Ferreira, a encenação também proporciona um tipo de prazer para o criminoso:

— Com a morte, o prazer vai embora. Mas quando o autor do crime segue acompanhando de perto a família ou a investigação, ele revive aquela sensação, apreciando o desenrolar de suas ações. Além disso, a aproximação possibilita a chance de atrapalhar a investigação, dificultando que a polícia chegue a ele como um suspeito — diz.

Quatro dias antes de o ator se assassinado, Jeff comemorou seu aniversário de 44 anos. Na ocasião, foi presenteado por Bruno com um bolo de aniversário. O gesto foi visto com carinho pela família do ator, distante na data por morar em Araranguá, em Santa Catarina. A celebração entre os amigos aconteceu numa praia e teve parabéns dentro do carro de Jeff.

Segundo as investigações, o plano fora orquestrado, pelo menos, desde dezembro. Na companhia do garoto de programa Jeander Vinícius da Silva Braga — preso temporariamente na última sexta-feira —, ele estrangulou o ator com um fio telefônico em seu quarto, amarrou pés e mãos com fita adesiva e o colocou em posição fetal dentro de um dos baús usados na decoração da própria casa da vítima.

De acordo com Moraes, Bruno não demonstra indícios de ter uma doença mental ou quadro clínico, e sim um temperamento dissimulado. Ele acredita que, mesmo quando Bruno for pego — ele segue foragido da Justiça — continuará tentado emplacar uma versão do crime em que saia como inocente, dizendo ter sido ameaçado ou fornecendo motivos para a morte.

Para a polícia, Bruno e Jeander premeditaram o crime. O produtor conheceu Jeff no período da pandemia e que, naquela época, pedira R$ 20 mil ao ator com a promessa de um papel em novela. Os dois são acusados pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O inquérito ainda não foi concluído.

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