Fumio Kishida, um político de consenso para dirigir o Japão
"Desta vez foi diferente. Tenho a firme convicção de que sou o líder necessário agora", declarou Kishida
Fumio Kishida, de 64 anos, vencedor nesta quarta-feira (29) da votação interna do partido governante no Japão e que, em consequência, será o próximo primeiro-ministro do país, é um ex-ministro das Relações Exteriores pouco carismático, mas com um caráter de consenso.
Seguindo os passos do pai e do avô, ele é deputado por Hiroshima (oeste do Japão) na Câmara Baixa do Parlamento desde 1993.
Após a segunda tentativa, Kishida vai comandar o governo nipônico.
No ano passado, ele não conseguiu vencer a disputa pela liderança do Partido Liberal Democrático (PLD, direita conservadora), ao ser derrotado em uma votação interna por Yoshihide Suga. O atual premiê renunciou ao cargo de primeiro-ministro depois de apenas um ano no poder, devido a sua impopularidade.
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"Não era suficientemente bom", admitiu Kishida recentemente sobre sua campanha anterior pela presidência do PLD em 2020.
"Desta vez foi diferente. Tenho a firme convicção de que sou o líder necessário agora", declarou, ao destacar a pertinência para o momento atual de seu caráter monótono, mas sem conflitos.
As correntes dominantes no PLD consideraram que Kishida era "uma aposta mais segura em termos de estabilidade" que o principal rival, Taro Kono, mais popular entre os militantes, mas "menos influenciável" pelos caciques do partido, explica à AFP Brad Glosserman, analista político e professor da Universidade Tama de Tóquio.
"Política de generosidade"
Kishida foi ministro das Relações Exteriores durante cinco anos (2012-2017), sob o governo de Shinzo Abe.
Partidário do desarmamento nuclear no mundo, ele trabalhou pela visita de Barack Obama a Hiroshima em 2016, o que representou a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos em exercício viajou para esta cidade devastada pela bomba atômica em 1945.
Ao mesmo tempo, ele aposta em reativar a produção de energia nuclear com fins civis no Japão. O uso se tornou restrito no país, devido à catástrofe de Fukushima em 2011.
Além de retomar a atividade de antigos reatores, ele deseja desenvolver pequenos reatores modulares.
O ex-funcionário do setor bancário também prometeu um novo plano orçamentário para acelerar a recuperação econômica após o impacto da pandemia e para reduzir as desigualdades sociais.
"As pessoas querem uma política de generosidade", afirmou Kishida, que mantém uma posição ambígua na área econômica, pois também defende reduzir a dívida nipônica. Em 2020, ela representava 256% do PIB, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Contrário ao casamento gay
Nas questões sociais e direitos civis, ele parece mais conservador que Kono, seu grande rival na disputa pela liderança do PLD.
Kishida afirmou que não chegou o momento de "aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo", que continua ilegal no Japão.
Também mostrou uma opinião pouco clara sobre o direito das pessoas casadas de não usarem o mesmo sobrenome do outro integrante do casal, uma questão polêmica no Japão.
Fã de beisebol, o esporte preferido dos japoneses, é um torcedor do Hiroshima Toyo Carp, clube de seu reduto familiar e político.
Durante a infância, morou com a família em Nova York, onde afirma que foi vítima de racismo na escola. Graças à experiência difícil, afirma que aprendeu o senso de justiça e igualdade.