Funcionários deixaram prédio meia hora antes de desabamento no Recife, diz proprietário
Quatro pessoas estavam no imóvel e encerraram o expediente antes do incidente
Funcionários da FilaFrios largaram do expediente meia hora antes do desabamento do prédio de dois pavimentos onde funcionava a empresa e que desabou no final da tarde dessa terça-feira (13), de acordo com o proprietário, Filareti Nobre.
Segundo Filareti, três funcionários e ele estavam no imóvel, que não possuía seguro e fica na avenida Recife, no bairro da Estância, na Zona Oeste do Recife. A empresa vende equipamentos para supermercados, frigoríficos, padarias, restaurantes e lanchonetes.
“A gente tinha acabado de sair, largamos às 17h e 17h10 a gente saiu. Quando foi por volta de 17h40, aconteceu o desmoronamento. Quando eu estava chegando em casa foi que ligaram para mim e voltei de imediato e vi o estrago muito grande que aconteceu. Perdi quase tudo. O prejuízo foi imensurável, não sei nem como calcular, era minha única fonte de renda”, disse o proprietário.
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Além do prédio da FilaFrios, um galpão também desabou, segundo o Corpo de Bombeiros. Não houve vítimas, mas prejuízos materiais.
“Estou há dois anos na loja e nem ontem mesmo quando a gente saiu, não teve estalo, rachadura nem nada. Ainda não sei o porquê e o motivo”, acrescentou Filareti.
A Defesa Civil do Recife realizou uma avaliação inicial do risco nos imóveis vizinhos. Nesta quarta-feira (14), foi realizada uma vistoria mais detalhada para saber se há necessidade de reparos ou até mesmo de demolição. O último balanço do órgão indica nove famílias desalojadas e sete imóveis interditados.
De acordo com o secretário de Defesa Civil do Recife, a segunda avaliação desta quarta-feira (14) também verifica o entorno do local do desabamento.
“[Vamos] saber se existe a necessidade de a gente manter esse isolamento, aumentar o até de retirar. Antes disso, temos que fazer toda a avaliação do local, avaliação dos riscos. Observamos que tem parede que existe a necessidade de fazer a demolição de forma imediata”, explicou Cassio.
“Nosso objetivo é eliminar todos os riscos e dar condições para as pessoas transitarem de forma segura bem como retornarem às suas residências”, acrescentou o secretário.
Proprietários foram até o local, nesta quarta-feira (14), para retirar móveis dos escombros. Trecho de uma das três faixas da avenida Recife em frente ao prédio precisou ser interditado pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) da capital pernambucana.
Moradores do entorno seguem contando os prejuízos. A dona de casa Thayse Cirino, de 32 anos, diz que estava em sua residência, nas proximidades, quando ouviu o estrondo.
“Vimos a poeira e corremos para o quintal. A gente não esperava. Pensei que o mundo estava se acabando. Barulho muito grande, a poeira cobriu tudo. Falaram que a gente pode ficar na casa, mas vão vir cortar a fiação para não derrubar outra parede”, disse.
Ela diz que ainda avalia os danos da sua casa e que já havia reclamado sobre a situação precária do imóvel que desabou. “Eu falei com o líder comunitário, tinha várias queixas, mas ficava por isso mesmo. Aumentou muito o nível de água vazando na parede, por baixo. Eu ainda estou com medo, estava dentro de casa e começou a cair coisa do telhado, fiquei assustada”, disse.
Desalojada após o incidente, a diarista Valdirene Silva, de 44 anos, precisou dormir na casa de uma colega, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
“Foi um desespero, achei que tivesse sido um acidente. Foi um tremor muito grande. Desci para ver o que tinha acontecido, aproximei e vi que foi o teto que caiu. Começou a chegar o pessoal, pediram para não ficar. No apartamento do vizinho, abriu um buraco na parede e eu estou até agora fora de casa. Só entrei para pegar uma bolsa com documento, não fiquei”, disse a diarista.
Em relação a alguma vistoria anterior no prédio, Cassio Sinomar esclarece que não havia a demanda para o local. "A Defesa Civil vistoria de acordo com demandas. Vamos partir agora, a partir do isolamento, vamos partir para a execução e liberar a rua, eliminar os riscos e fazer as pessoas voltarem à sua residência", disse Cassio.
Uma perícia do Instituto de Criminalística deverá indicar as causas do desabamento. Já a Defesa Civil informou que segue analisando os imóveis demandados.
"Estamos buscando garantir segurança para os transeuntes após eliminar os riscos. Temos paredes que precisa de uma tecnologia, um estudo melhor da engenharia para não causar danos maiores", acrescentou o secretário de Defesa Civil. O órgão espera que a normalidade volte o mais rápido possível na área.
A Defesa Civil fornece o contato 0800 081 3400 para que a população do Recife demande prédios que necessitam ser vistoriados.