Funcionários públicos e aposentados pedem para que dinheiro 'roubado' seja recuperado para melhorar
Manifestantes tiveram como foco principal os desvios de fundos na estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA)
Trabalhadores da administração pública e aposentados voltaram às ruas da capital venezuelana, Caracas, nesta segunda (27) para pedir salários "dignos" e exigir que o dinheiro "roubado" por funcionários corruptos seja recuperado para melhorar os salários pulverizados pela inflação, além de atender necessidades de escolas e hospitais.
Gritando lemas como "Se há para roubar, há para pagar", ao redor de 500 manifestantes marcharam em Caracas, vigiados de perto por policiais. Alguns dos agentes gravaram os protestos com drones.
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Os manifestantes tiveram como foco principal os desvios de fundos na estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) revelados há uma semana pelo próprio presidente socialista Nicolás Maduro, que envolveram altos funcionários, hoje presos.
"Expropriar os corruptos (para) recuperar o roubado", "Se há muito dinheiro para a corrupção, mas não há dinheiro para salários e aposentadorias dignas", "O dinheiro dá quando ninguém o rouba", "Quantos salários justos poderiam ter sido pagos com 3 bilhões de dólares?", diziam os cartazes exibidos na marcha.
A docente Yhira Novoa, de 45 anos, viajou de Barinas, terra natal do falecido presidente socialista Hugo Chávez a 500 quilômetros de Caracas. Dizem que "não há dinheiro e acontece que perde uma fortuna", apontou a manifestante.
O salário mínimo - vigente desde março de 2022 - equivale a 5 dólares, frente aos 482 dólares requeridos em fevereiro desse ano para custear a cesta básica, segundo estimativas privadas.
"Vemos pessoas que chegaram nuas no governo e agora têm iates, mansões, enquanto o povo está lutando", disse, por sua vez, Adnar El Asmar, engenheiro civil de 68 anos.
"Nossas escolas estão no chão, nossos professores renunciando, nossos filhos sem professores, nossos hospitais sem enfermeiros, sem auxiliares, e os pacientes à deriva", lamentou.
Em relação à nova "cruzada" anti-corrupção, o promotor Tarek Williams Saab, informou que vinte pessoas, entre funcionários e empresários, foram detidas. Afirmou que desde 2017 investigou 31 "casos de corrupção" na PDVSA com 194 prisões.
Apesar de cifras oficiais não terem sido reveladas, reportagens da imprensa apontam um desfalque de 3 bilhões de dólares. O deputado do chavismo, Hernnan Escarrá, falou de até 23 bilhões, porém mais tarde negou tal versão.
Sob o lema "os honestos somos mais", membros do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) marcharam no sábado (25) em apoio a Maduro.