Fundador do grupo mercenário Wagner rejeita ordem sobre contrato formal com Exército russo
Ministério da Defesa deu até 1º de julho para paramilitares formalizarem sua situação junção às forças russas regulares
O líder do grupo Wagner disse no domingo que não cumpriria uma ordem do Ministério da Defesa da Rússia que exigiu que seus mercenários assinassem um contrato formal com o Kremlin até 1º de julho. A recusa marca o mais recente ponto crítico de uma longa disputa entre Yevgeny Prigojin e o ministro Sergei Shoigu, que trouxe à tona a desunião nas fileiras de Moscou e lutas internas sobre o gerenciamento das tropas russas na Ucrânia.
Durante meses, Prigojin criticou publicamente Shoigu e a liderança militar da Rússia, caracterizando-os como burocratas incompetentes que estão arruinando as operações na Ucrânia.
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No sábado, o vice-ministro da Defesa, Nikolai Pankov, anunciou que as mais de 40 “formações voluntárias” que lutam na Ucrânia fora das forças armadas russas regulares seriam obrigadas a assinar contratos com o Ministério até 1º de julho para assumir status legal formal.
Prigojin, porém, divulgou um comunicado no domingo dizendo que se recusou a “assinar qualquer contrato com Shoigu” e renovando suas críticas ao ministro da Defesa. O Wagner já estava “organicamente” integrado ao sistema russo geral, com comandantes de unidade experientes de suas forças coordenando com generais russos em uma estrutura altamente eficaz, afirmou o líder mercenário.
“Infelizmente, a maioria das unidades militares não possui essa eficiência, principalmente porque Shoigu não consegue administrar formações militares normalmente”, disse Prigozhin no aplicativo de mensagens Telegram. “Portanto, o fato de ele escrever decretos ou ordens, isso se aplica exclusivamente ao Ministério da Defesa e àqueles que estão dentro da estrutura do Ministério da Defesa.”
O Kremlin está no meio de um esforço para recrutar mais soldados contratados para a luta na Ucrânia e tem competido com formações militares privadas como Wagner por talentos. O Estado russo também está um passo atrás do grupo mercenário na busca de novos métodos de recrutamento.
O Ministério da Defesa, por exemplo, seguiu o exemplo de Prigojin e começou a recrutar prisioneiros no ano passado. A inteligência britânica estimou que o Exército da Rússia provavelmente recrutou 10 mil combatentes apenas em abril das prisões.
Em sua declaração no domingo, Prigojin sugeriu que sua recusa em cumprir a ordem poderia resultar em uma reviravolta para o Wagner, mas deixou claro que, apesar de suas críticas a Shoigu, suas forças ainda seriam convocadas quando necessário e permaneceriam leais ao presidente Vladimir Putin e ao Estado russo.
“O Wagner está totalmente subordinado aos interesses da Federação Russa e do comandante supremo em chefe”, escreveu Prigojin.