Furacão de categoria 4 Fiona avança para as Bermudas
Em sua passagem, furacão Fiona já provocou mortes, inundações e graves danos materiais em Porto Rico e na República Dominicana
O furacão Fiona foi elevado para a categoria 4 nesta, quarta-feira (21), depois de afetar as Ilhas Turcas e Caicos e provocar mortes, inundações e graves danos materiais em sua passagem por Porto Rico e República Dominicana.
De acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos, os ventos alcançam 215 km/h e devem atingir as Bermudas na quinta-feira.
Fiona, que está na segunda categoria mais alta na escala Saffir-Simpson, está a cerca de 1.090 km a sudoeste das Bermudas, afirma o último boletim do NHC.
Até o momento, o furacão deixou cinco mortos: um no território ultramarino francês de Guadalupe, dois em Porto Rico e outros dois na República Dominicana.
Neste último, Fiona afetou residências e causou sérios danos na infraestrutura de serviços básicos deste país de 10,5 milhões de habitantes. Mais de 10.000 pessoas foram evacuadas para "áreas seguras" e que cerca de 400.000 estão sem energia elétrica e 1,2 milhão estão sem água, segundo o último balanço das autoridades do país de 10,5 milhões de habitantes.
Na província de El Seibo, uma zona agrícola do leste, as chuvas torrenciais do Fiona causaram inundações e as ruas estão repletas de móveis, colchões e outros pertences das famílias afetadas.
"Foi forte, terrível", contou à AFP Freddy Morales, de 40 anos, que teve que se refugiar na casa da sogra em uma área montanhosa após a inundação do rio El Seibo.
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"Quando eu ia tirar os colchões, [a água] me cobriu e não consegui tirar nada (...). Quase tudo foi danificado", acrescentou.
Nas últimas horas, as autoridades dominicanas rebaixaram os níveis de alerta em todas as provinciais do país.
"Um Porto Rico resiliente"
Em Porto Rico, onde Fiona tocou o solo no domingo, o furacão derrubou árvores, linhas de energia e pontes.
E suas chuvas - que chegaram 76 centímetros em algumas áreas do centro e sul - provocaram fortes inundações e deslizamentos de terra nesta ilha de três milhões de habitantes, um território livre associado aos Estados Unidos.
Mais de um milhão de casas ainda estavam sem eletricidade nesta quarta-feira, após o apagão geral causado pela tempestade no domingo; e cerca de 565.000 habitantes ficaram sem água potável em suas casas devido a falta de energia e transbordamento dos rios.
A administradora da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos Estados Unidos (Fema), Deanne Criswell, visitou a cidade de Patillas, no sul de Porto Rico, na terça-feira, junto com o governador Pedro Pierluisi para verificar os danos causados por Fiona.
"Vi estradas gravemente afetadas e pontes danificadas. A água estava inundando as ruas e o acesso a outras partes da comunidade estava inacessível", disse em coletiva de imprensa na quarta-feira.
“Mas também vi um Porto Rico resiliente, vi os vizinhos ajudando uns aos outros (...) E sei que as comunidades afetadas vão se reconstruir ainda mais fortes”, acrescentou.
No dia anterior, Jorge Cintrón, morador de La Parguera, na costa sudoeste do país, sofreu danos materiais em sua casa e em seu negócio, um salão de beleza.
"A experiência foi horrível. Foi muito impressionante sentir os ventos e ver como as coisas foram levantadas", contou à AFP por telefone.
Depois de anos de problemas financeiros e de recessão, em 2017, Porto Rico declarou quebra, a maior já anunciada por uma administração local dos Estados Unidos. Mais tarde, neste mesmo ano, o duplo golpe de dois furacões, Irma e Maria, aprofundou a miséria e devastou a rede elétrica da ilha, que há anos sofre grandes problemas de infraestrutura.
A rede foi privatizada em junho de 2021 em um esforço para resolver a ocorrência de apagões, mas o problema persiste. No início deste ano, por exemplo, toda ilha ficou sem luz.