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Furacão Helene: EUA quer aprovar transporte aéreo de soro após desabastecimento de hospitais

Unidades de saúde estão racionando suprimentos intravenosos para guardá-los para pacientes mais frágeis; fenômeno tocou a Flórida no último dia 26 e causou centenas de mortes

Vista aérea mostra casas danificadas após furacão Helene atingir a Flórida Vista aérea mostra casas danificadas após furacão Helene atingir a Flórida  - Foto: Chandan Khanna/AFP

Autoridades dos EUA correm para aprovar o transporte aéreo de fluídos intravenosos produzidos por fábricas no exterior para aliviar a escassez provocada pelo furacão Helene, que tocou o solo no último dia 26.

As enchentes causadas pelo fenômeno danificaram as fábricas, forçando os fabricantes a interromperem a produção.

A falta desses suprimentos levou muitos hospitais a adiarem cirurgias para racionar os que restam para os pacientes mais frágeis — cenário que pode piorar com a chegada do furacão Milton, que tocará o solo nesta quarta-feira.

A escassez ocorreu após uma enchente atingir uma fábrica na Carolina do Norte da Baxter International, responsável por 60% da produção das bolsas de suprimento no país. Em comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa afirmou que a meta é reiniciar a produção da unidade de North Cove "em fases" e retomar a produção "até o final de 2024".

Disse também que está aumentando a "a produção em seus locais globais e trabalhando em estreita colaboração" com a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana, "na importação temporária de produtos para aumentar o estoque disponível".

Os fluidos salinos, dextrose e água estéril que a Baxter produz têm inúmeras utilidades em cuidados de saúde: eles fornecem hidratação básica antes de cirurgias ou partos e podem ser misturados com nutrientes e medicamentos (soro), incluindo quimioterapias.

Eles são amplamente usados em infusões de suporte de vida para bebês nascidos prematuramente. Alguns são cruciais para tratar sepse, uma infecção sanguínea com risco de vida.

Na Carolina do Norte, que concentra a maior parte dos mais de 200 mortos, equipes estão trabalhando para reconstruir uma ponte adjacente ao local de Baxter para remover e distribuir caminhões de suprimentos adicionais que não foram danificados pela tempestade.

A situação pode piorar com a chegada do furacão Milton. Em preparação na terça-feira, os trabalhadores da B. Braun, fabricante de um quarto dos fluidos intravenosos do país, encheram caminhões com bolsas de soro da fábrica da empresa em Daytona Beach, na Flórida, e seguiram para o que eles esperavam ser um local mais seguro no norte.

Um porta-voz da unidade afirmou que a B. Braun estava trabalhando com autoridades federais e que a equipe da fábrica estaria de folga na quarta, com retorno previsto para sexta, assim que o furacão passasse.

Juntas, as fábricas da Baxter, na Carolina do Norte, e da B. Braun, em Daytona Beach, fabricam 85% do suprimento nacional de fluidos intravenosos.

Angústia dos pacientes
Pacientes que dependem do fluido Baxter para fazer tratamentos de diálise em casa e aqueles que dependem de nutrição intravenosa para sobreviver estão particularmente angustiados com a escassez, disseram médicos e pacientes em entrevistas.

Hannah Hale, de 37 anos, descobriu na segunda-feira que sua farmácia especializada não conseguiu obter uma quantidade suficiente da solução de dextrose altamente concentrada para continuar fornecendo o medicamento que necessita.

A mulher depende desses fluídos intravenosos há 8 anos, após passar por diversas cirurgias para tratar a doença de Chron, na qual o sistema imunológico ataca o sistema digestório.

— Eles não deveriam me deixar assim — lamentou Hale, afirmou que tentou contato com outras 14 farmácias, que também não encontraram uma fonte reserva. — Não tenho nenhum recurso.

Na segunda-feira, o CEO da American Hospital Association (AHA), Rick Pollack, escreveu ao presidente Joe Biden pedindo ao mandatário que tomasse medidas imediatas para aliviar as preocupações sobre "escassez substancial desses produtos que salvam e dão suporte à vida".

A associação, que representa 5 mil hospitais e organizações de saúde, insta ainda que a FDA declare escassez de soluções intravenosas e permita que os hospitais e sistemas de saúde preparem as soluções em suas farmácias próprias, informou o jornal USA Today.

Em uma carta aos prestadores de serviços de saúde publicada nesta quarta-feira, Xavier Becerra, secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, disse que cerca de 400 funcionários da agência estavam em campo no sudoeste dos EUA ajudando as comunidades afetadas pelo furacão Helene.

Becerra disse que a pasta estava trabalhando com a Baxter desde que o furacão passou para garantir a segurança da equipe da empresa e resolver a falta de suprimentos.

"Meu departamento se compromete a mitigar o impacto do furacão Helene e a fazer tudo o que pudermos para evitar mais interrupções como resultado do furacão Milton", diz a carta do secretário. Se os planos das autoridades federais derem certo, as preocupações poderão ser amenizadas com mais recursos.

Após tocar a Flórida no último dia 26, o Helene chegou rapidamente à Geórgia, onde casas foram destruídas e rodovias ficaram cobertas por destroços. Enfraquecido e rebaixado à categoria de depressão tropical e ciclone pós-tropical, ele também atingiu as Carolinas do Norte e do Sul com chuvas torrenciais.

O fenômeno causou mais de 200 mortes, tornando-o o segundo furacão mais mortal a atingir o continente americano em mais de meio século, perdendo apenas para o furacão Katrina em 2005, que matou 1.392 pessoas. 

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