Milton: Por que furacões são raros no Brasil?
Historicamente, apenas um furacão foi registrado no Brasil: o Catarina, em 2004. O fenômeno atingiu os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina com ventos de até 180 km/h
Diferentemente de alguns países periodicamente atingidos por furacões e até mesmo dos Estados Unidos - que enfrentam a passagem do furacão Milton na Flórida - o Brasil não precisa se preocupar tanto com isso.
As chances de que furacões aconteçam por aqui são mínimas, segundo meteorologistas ouvidos pela BBC. A explicação é que a formação de um fenômeno desses depende de uma série de fatores que só foi registrada uma vez no país.
"Por enquanto, é quase impossível que um furacão atinja o Brasil, a não ser que as mudanças climáticas também tenham alguma influência", diz Michael Pantera, meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergência de São Paulo. Um dos principais "combustíveis" para a formação de um furacão são as águas quentes do mar — que precisam estar acima de 27°C. No Brasil, as maiores temperaturas são registradas no mar do Nordeste, onde não passam de 26°C".
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Outro fator que dificulta a formação de furacões no Brasil é o cisalhamento do vento. Esse fenômeno ocorre quando há variações na velocidade ou direção das correntes de vento em diferentes altitudes. Segundo especialistas, isso é incomum nas regiões próximas à linha do Equador, como o Brasil, limitando a força e a propagação desses fenômenos.
Historicamente, apenas um furacão foi registrado no Brasil: o Catarina, em 2004. O fenômeno atingiu os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina com ventos de até 180 km/h, causando destruição em 40 cidades. Contudo, há divergências sobre sua classificação, com alguns meteorologistas afirmando que ele pode ter sido uma frente fria que mudou de direção de forma atípica.
O que é o furacão Milton?
Milton é o que os meteorologistas chamam de furacão com olho de alfinete, uma expressão enganosa. Pois, o olho pequeno, com apenas alguns poucos quilômetros de diâmetro, não quer dizer que seja menos poderoso. Ao contrário, significa que ele pode se intensificar rapidamente, se tornando extremamente letal, por serem sistemas de tempestades compactos, que concentram energia numa área menor. Isso faz com que tenham ventos mais fortes. Além disso, há maior chance de a tempestade manter sua estrutura vertical, podendo se organizar e se tornar mais poderosa.
O meteorologista Noah Bergren, da rede de TV Fox, postou em redes sociais que Milton “está se aproximando dos limites matemáticos dos efeitos da interação da atmosfera com o oceano”.
Na segunda-feira, o furacão passou da categoria 1 a 5 em menos de um dia, fato jamais registrado e o exemplo mais extremo do que os meteorologistas de intensificação rápida.
O furacão Milton atingiu a costa da Flórida, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira, como uma tempestade de categoria 3, com ventos de 193 km/h e inundações de até 2,1 metros de altura, mas uma hora depois caiu para a categoria 2, com ventos de 177 km/h . Por volta de 1h30 (2h30 no Brasil), durante a passagem por Tampa, os ventos já baixavam para 144km/h, configurando categoria 1.