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ENCONTRO

G20: Argentina tenta impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração

Segundo fontes do governo brasileiro, negociadores argentinos mudaram de posição na reta final das conversas, por instruções do presidente Javier Milei

Javier Milei, presidente da ArgentinaJavier Milei, presidente da Argentina - Foto: Alejandro Pagni/ AFP

Na reta final das negociações para elaborar a declaração final que será anunciada pelos presidentes na cúpula de chefes de Estado e de governo do G20, na semana que vem, a Argentina mudou posições já acordadas e corre o risco de ficar de fora do documento, confirmaram ao Globo fontes oficiais.

Na quinta-feira, os negociadores argentinos, chefiadas pelo sherpa (representante do presidente) Federico Pinedo, informaram aos demais países que receberam “novas instruções” da Casa Rosada e passaram a se opor à inclusão no texto da proposta de taxação dos super-ricos, uma das consideradas mais importantes pelo Brasil.

De acordo com fontes do Ministério da Fazenda, que em meados deste ano comemorou uma declaração de ministros na qual a taxação dos super-ricos foi mencionada, “os argentinos estão traindo um texto e uma linguagem já acordada”.

Os negociadores do Ministério da Fazenda estão furiosos com a delegação argentina chefiada por Pinedo, que, sem dar mais explicações, acrescentou a fonte, informou que se tratava de “uma instrução da Presidência”. Procurados pelo Globo, negociadores argentinos disseram que não comentariam detalhes das negociações.

O dia em que a instrução chegou à mesa de negociações, o presidente Javier Milei estava nos Estados Unidos, participando de um jantar no qual se encontrou com o presidente eleito americano, Donald Trump, e vários de seus aliados e colaboradores, entre eles o magnata Elon Musk.

Até quinta de tarde, negociadores brasileiros afirmavam que “as negociações estavam caminhando bem, inclusive com os argentinos”.

A situação mudou no fim do dia, e nesta sexta o clima já estava azedado com os argentinos. Algumas fontes oficiais afirmaram, até mesmo, que a Argentina poderia ficar de fora da declaração presidencial, caso seja o único país que mude de posição na última hora.

“Se todos os demais estiverem de acordo, a Argentina não assina e pronto”, explicou uma fonte.

A proposta de taxação dos super-ricos prevê um imposto de 2% sobre a riqueza dos bilionários do mundo, e poderia arrecadar entre US$ 200 e US$ 250 bilhões. A ideia surgiu de um estudo elaborado pelo economista francês Gabriel Zucman, professor de economia na Escola de Economia de Paris e da Universidade da Califórnia. O texto da declaração não mencionaria percentuais, mas sim a ideia de criar um imposto pata taxar super-fortunas no mundo.

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