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Líderes

G7 se compromete a combater pandemia, crise climática e os desafios da China e Rússia

Primeio-ministro inglês, Boris JohnsonPrimeio-ministro inglês, Boris Johnson - Foto: Ben Stansall/AFP/POOL

Os líderes das grandes potências do G7 afirmaram, neste domingo (13), seu desejo de acabar com a pandemia de Covid-19 por meio da distribuição de vacinas e de agir pelo clima, durante uma cúpula marcada por uma nova dinâmica a favor do multilateralismo e com advertências à China e à Rússia.

Esta cúpula de três dias na Cornualha (sudoeste da Inglaterra), a primeira em quase dois anos, marcou o retorno dos contatos diretos após meses de videoconferências para o Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá.

Por instigação de Washington, os dirigentes procuraram mostrar uma frente unida nos grandes assuntos que agitam o planeta, a começar pelo clima e a pandemia, mas também Rússia e China.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saudou uma "cúpula extremamente colaborativa e produtiva".

Diante dos apelos à solidariedade que se multiplicaram nos últimos meses, eles concordaram em distribuir um bilhão de doses de vacinas anticovid até o final de 2022 para compensar o atraso da imunização nos países pobres e promover uma recuperação mais rápida e igualitária.

"Os líderes estão comprometidos com mais de um bilhão de doses", financiando-as ou por meio do dispositivo de compartilhamento Covax, saudou o primeiro-ministro, britânico Boris Johnson, o que eleva para dois bilhões o total de compromissos desde o início da crise de saúde.

"Eu sei que o mundo conta conosco para rejeitar o egoísmo e as abordagens nacionalistas" que marcaram a resposta à pandemia, disse Johnson. "Espero estarmos à altura da tarefa".

Não, lamentaram muitos atores, de ONGs à Organização Mundial da Saúde (OMS): pelo menos 11 bilhões de doses são necessárias para acabar com a pandemia. 

Os líderes do G7 também traçaram um plano de batalha na esperança de que o mundo esteja pronto em menos de 100 dias para lidar com uma nova pandemia e pediram uma nova investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem do vírus na China para descobrir se poderia ter vindo de um acidente de laboratório.

Moscou e Pequim na mira 
A diplomacia também teve um lugar de destaque durante essa cúpula de três dias, com a China e a Rússia na mira.

O G7 pediu a Pequim que "respeite os direitos humanos" em Xinjiang, onde vive a minoria uigur, e em Hong Kong.

E exortou a Rússia a cessar "suas atividades desestabilizadoras", em particular por meio de ataques cibernéticos, de acordo com o comunicado final.

Por meio de sessões de trabalho e reuniões, o presidente americano Joe Biden empenhou-se em unir seus aliados contra Moscou e Pequim, um dos principais objetivos de sua viagem pela Europa que deve marcar o "retorno" dos Estados Unidos ao cenário internacional após a era Donald Trumt.

Sua chegada ao poder trouxe "um novo impulso" aos trabalhos do G7, comemorou a chanceler alemã, Angela Merkel.

Para contra-atacar as "Novas Rotas da Seda" chinesas, o G7 lançou um vasto plano de infraestruturas com projetos sobre o  clima, saúde, tecnologia digital e luta contra as desigualdades, a fim de ajudar os países pobres a se recuperarem da pandemia.

Será "muito mais justo" do que o programa chinês, garantiu Biden, ao mesmo tempo que assegurou que não procura o "conflito".

O presidente francês, Emmanuel Macron, também garantiu que o G7 "não é um clube hostil à China".

Carvão 
Outro componente importante: a emergência climática, com um plano de ação para tentar limitar o aquecimento global. As apostas são altas para o Reino Unido, que desejava lançar as bases para um consenso alguns meses antes da grande conferência climática da ONU (COP26) que sediará em Glasgow (Escócia) em novembro. 

O objetivo é limitar o aumento das temperaturas abaixo de 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, um limite além do qual os cientistas acreditam que as mudanças climáticas ficarão fora de controle. 

Para conseguir isso, os líderes do G7 se pronunciaram por uma redução de cerca de metade de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, uma meta que alguns países pretendem superar.

Querem dar as costas às usinas movidas a carvão, o combustível fóssil mais poluente, a menos que medidas de compensação ambiental estejam em vigor, como a captura de CO2. Os subsídios públicos a este setor serão interrompidos este ano.

Nesse contexto, os líderes planejam assinar um cheque de até US $ 2 bilhões para apoiar a transição verde em países desfavorecidos. 

As contribuições do G7 serão aumentadas para atingir o objetivo dos países desenvolvidos de financiar na ordem de 100 bilhões de dólares por ano até 2025 as políticas climáticas dos países pobres.

Para as ativistas ambientais, é muito pouco ou muito vago. O Greenpeace denunciou "velhas promessas" acaloradas e a Extinction Rebellion chamou a cúpula de um "fracasso".

Após o G7, Joe Biden tomará chá com a rainha Elizabeth II no Castelo de Windsor, antes de prosseguir para uma cúpula da Otan em Bruxelas e, em seguida, para uma reunião com o presidente russo, Vladimir Poutin.

Neste domingo, Biden prometeu ser "muito claro" sobre suas divergências com Putin, em sua reunião na quarta-feira.

Distanciando-se da posição de seu antecessor Donald Trump, também garantiu em entrevista coletiva que os Estados Unidos têm a "sagrada obrigação" de defender seus aliados da Otan, com os quais se reunirá na segunda, em Bruxelas.

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