G7 se compromete a distribuir um bilhão de vacinas contra Covid-19 a países pobres
Com quase 480.000 mortos pela Covid-19, o Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, superado apenas pelos Estados Unidos, que acumulam mais de 598.000 óbitos
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Os líderes do G7 se comprometerão a distribuir um bilhão de doses de vacinas contra a Covid-19 aos países pobres, anunciou nesta quinta-feira (10) o governo britânico na véspera de uma cúpula das grandes potências, enquanto o Brasil se prepara para receber a Copa América de Futebol.
Os líderes mundiais, que se reunirão de sexta a domingo no sudoeste da Inglaterra, "devem anunciar que proporcionarão pelo menos um bilhão de doses de vacinas contra o coronavírus, compartilhando e financiando-as", informou o Reino Unido, que tem a presidência rotatória do grupo.
Também devem "estabelecer um plano para ampliar a produção de vacinas para cumprir este objetivo", completou.
Por sua vez, Londres vai doar 100 milhões de doses em excesso de vários laboratórios graças ao avanço de seu programa de vacinação, que já administrou quase 70 milhões de injeções.
Cinco milhões de doses serão entregues antes de setembro e o restante até 2022, principalmente por meio do programa internacional Covax.
Os Estados Unidos, enquanto isso, já se comprometeram a fornecer 500 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech, incluindo 200 milhões este ano, e o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu às empresas farmacêuticas que doassem 10% das doses vendidas a países desfavorecidos.
Copa América no Brasil
Em todo o mundo já morreram mais de 3,76 milhões de pessoas por Covid-19, segundo cifras oficiais.
Na América Latina, que acumula 1,19 milhão de mortes e 34,3 milhões de contágios, a situação continua complicada, enquanto em outras latitudes o avanço da vacinação permite suavizar as medidas.
Com quase 480.000 mortos pela Covid-19, o Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, superado apenas pelos Estados Unidos, que acumulam mais de 598.000 óbitos.
Mesmo assim, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu luz verde nesta quinta-feira à realização da Copa América no Brasil, após rejeitar três recursos que pediam a suspensão do torneio pela situação sanitária no país.
Seis dos onze ministros do STF, o mínimo requerido, votaram remotamente, em uma sessão extraordinária, a favor de autorizar o campeonato regional de seleções, que começará com o jogo entre o Brasil e a Venezuela no domingo, em Brasília.
Surpreendentemente, o Brasil foi escolhido na semana passada a sede do torneio, depois que os países que iriam sediá-lo originalmente, a Argentina e a Colômbia, desistiram. O primeiro por causa da situação sanitária e o segundo por uma convulsão social que deixou dezenas de mortos.
OMS pede doses para o Covax
Apesar de parte da população dos países ricos estar voltando à vida normal graças à vacinação, estes avanços são, no entanto, frágeis e devem ser estendidos aos países menos favorecidos.
O mecanismo Covax, da OMS, não chega a funcionar a todo vapor. Até 4 de junho, o dispositivo tinha fornecido mais de 80 milhões de doses em 129 países e territórios, muito menos do que o previsto.
Cerca de 90% dos países africanos não alcançarão o objetivo global de vacinar um décimo de sua população até setembro se não receberem pelo menos 225 milhões de vacinas, advertiu nesta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com o objetivo de favorecer as campanhas de vacinação, o Parlamento Europeu se pronunciou favorável nesta quinta-feira a uma suspensão temporária das patentes para desenvolver a produção e "para melhorar o acesso mundial a produtos médicos acessíveis relacionados com a covid-19", uma ideia contrária à expressada pela Comissão Europeia.
Por enquanto, os menores não têm sido muito afetados pelas campanhas de vacinação, mas o laboratório americano Moderna anunciou ter solicitado às autoridades reguladoras dos Estados Unidos que autorizem o uso emergencial de seu imunizante anticovid para adolescentes de 12 a 17 anos.
A vacina da Pfizer/BioNTech já foi autorizada para as pessoas maiores de 12 anos nos Estados Unidos, no Canadá e nos 27 países da União Europeia.
Na região Europa da OMS, que inclui 53 países e territórios, 30% da população recebeu pelo menos a primeira dose da vacina anticovid e 17% estão completamente imunizados.
Contrastes
Mas, ainda que os países europeus suavizem as restrições, a OMS pediu-lhes que não baixem a guarda.
"A vacinação está longe de ser suficiente para proteger a região de um repique", advertiu nesta quinta-feira o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, pedindo que sejam mantidas as medidas de segurança e se evitem as viagens ao exterior.
"A distância até alcançar pelo menos 80% de cobertura na população adulta é ainda considerável", acrescentou.
Assim, a África do Sul entrou "tecnicamente" na terceira onda da pandemia, com mais de 9.000 novas infecções nas últimas 24 horas, advertiu o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD).
E no Chile, as autoridades sanitárias impuseram uma nova quarentena total à região metropolitana, que abrange Santiago, e onde vivem mais de sete milhões de pessoas, devido a um repique dos casos e apesar da campanha de vacinação maciça.
Em contraste, a Dinamarca anunciou nesta quinta-feira que deixará de ser obrigatório o uso da máscara a partir de 14 de junho; que os bares e restaurantes abrirão até a meia-noite a partir do dia 11 e que os jogos da Eurocopa de futebol poderão receber um público maior.
Aos estragos da pandemia, somam-se as consequências catastróficas que a doença teve para a economia dos países mais pobres.
Segundo relatório da ONU publicado nesta quinta-feira, nove milhões de crianças podem ser obrigadas a trabalhar por causa da pandemia, somando-se aos 160 milhões que já são forçados a fazê-lo.