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GAZA

Gabinete de segurança de Israel se reúne para aprovar acordo de trégua em Gaza

Os ataques israelenses na Faixa de Gaza causaram mais de cem mortos desde o anúncio do acordo na quarta-feira

Benjamin Netanyahu Benjamin Netanyahu  - Foto: Ohad Zwigenberg/AFP

O gabinete de segurança israelense está reunido nesta sexta-feira (17) para aprovar o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza, que deve entrar em vigor no domingo, embora os bombardeios no território palestino ainda estejam ocorrendo.

Os ataques israelenses na Faixa de Gaza causaram mais de cem mortos, segundo as equipes de emergência, desde o anúncio do acordo na quarta-feira. Na quinta-feira, o Exército indicou que atacou "50 alvos" em 24 horas.

O acordo anunciado pelo Catar e Estados Unidos após 15 meses de guerra prevê, em uma primeira fase de seis semanas, liberar 33 reféns em Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinos presos em Israel.

"A reunião do gabinete de segurança para o debate e votação do acordo começou", indicou à AFP um responsável governamental. Esse encontro será seguido de um conselho de ministros nesta sexta ou no sábado.

"À espera da aprovação por parte do gabinete [de segurança] e do governo, e do cumprimento do acordo, a libertação de reféns poderá ocorrer de acordo com o plano previsto, a partir de domingo", indicou nesta sexta o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

As famílias dos reféns também foram informadas e estavam realizando os preparativos para recebê-los, segundo a mesma fonte.

Salvo alguma surpresa, Netanyahu obterá a maioria para aprovar o acordo, apesar da rejeição de alguns ministros de extrema direita.

Um deles, o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, declarou que renunciaria se o governo adotasse o acordo, que tachou de "irresponsável", mas enfatizou que seu partido, Poder Judaico, não deixaria a coalizão com Netanyahu.

Na quinta-feira, Israel acusou o Hamas de "não ter cumprido partes do acordo (...) em uma tentativa de obter concessões de última hora". Mas um alto dirigente do movimento islamista palestino, Sami Abu Zuhri, respondeu que as acusações não tinham "nenhum fundamento".

“Beijar minha terra”
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse, no entanto, que estava “confiante” de que o pacto seria implementado conforme planejado a partir de domingo.

Antes do início da trégua, os palestinos deslocados estavam se preparando para voltar para casa.

“Estou esperando pela manhã de domingo, quando anunciarem o cessar-fogo”, disse Nasr al-Gharabli, que fugiu da Cidade de Gaza, no norte, para um campo de refugiados mais ao sul.

“Vou beijar minha terra. Eu me arrependo de tê-la deixado. Se eu tivesse morrido em minha terra, teria sido melhor do que ser deslocado para cá”, afirmou.

A guerra, que deixou Gaza com um nível de destruição “sem precedentes na história recente”, de acordo com a ONU, eclodiu em 7 de outubro de 2023 após um sangrento ataque do Hamas em solo israelense.

Os comandos islamistas mataram 1.210 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Eles também sequestraram 251 pessoas, 94 das quais permanecem em Gaza. Pelo menos 34 delas teriam morrido, de acordo com o Exército israelense.

Israel lançou uma campanha de retaliação que matou pelo menos 46.788 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Acordo em três fases
O acordo prevê uma primeira fase de seis semanas a partir de domingo, na qual um cessar-fogo será implementado, 33 reféns serão libertados e as tropas israelenses se retirarão das áreas densamente povoadas. Israel libertará centenas de prisioneiros palestinos.

A segunda fase, ainda em negociação, verá a libertação dos reféns restantes e a retirada das tropas israelenses.

A terceira e última fase terá como foco a reconstrução do território palestino e o retorno dos corpos dos reféns mortos.

O cessar-fogo não resolve o obstáculo sobre o futuro político da Faixa de Gaza, que tem 2,4 milhões de habitantes e é governada desde 2007 por um Hamas agora muito fraco.

Israel se opõe a qualquer administração futura do Hamas ou da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia com poderes limitados, e os palestinos rejeitam qualquer interferência estrangeira.

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