Gás e spray de pimenta: reunião de acionistas da petrolífera TotalEnergies é marcada por protestos
Ativistas que defendem ações para combater mudanças climáticas foram repreendidos pela polícia
A gigante petrolífera francesa TotalEnergies foi alvo de protestos nesta sexta-feira (26), em Paris, dia em que realiza sua assembleia geral anual. A polícia de choque francesa foi chamada para tentar dispersar centenas de ativistas que tentaram bloquear o acesso dos acionistas e impedir que a reunião ocorresse.
- Lamentamos ter tomado medidas excepcionais chamando a polícia - disse o presidente-executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, às centenas de participantes da assembleia.
Pela manhã, e após dar três advertências pelos alto-falantes, a polícia disparou gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra um grupo de ativistas que conseguiram penetrar na rua em frente ao local onde acontece o encontro, em um bairro nobre parisiense, para impedir o entrada dos participantes.
“O que queremos é derrubar a Total” e “Um, dois e três graus, é à Total que temos de agradecer”, entoaram os ativistas, numa referência ao aumento das temperaturas devido à utilização de combustíveis fósseis.
A polícia informou que quatro pessoas foram presas.
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A reunião ocorre no fim de uma temporada de assembleias gerais em que se intensificaram os protestos contra grandes empresas, incluindo as petrolíferas Shell e BP, além do banco Barclays, acusado de financiar a expansão de projetos de petróleo e gás.
Na quarta-feira, reunião de acionistas da Shell foi interrompida por ativistas que protestavam contra a estratégia de transição energética proposta pela multinacional britânica de petróleo.
As reuniões acontecem em um cenário de lucros impressionantes: juntas, BP, Shell, ExxonMobil, Chevron e TotalEnergies registraram ganhos de mais de US$ 40 bilhões no primeiro trimestre deste ano, após um ano muito bom em 2022.
A TotalEnergies planeja colocar um terço de seus investimentos em fontes de energia de baixo carbono e atingir 100 gigawatts de capacidade de eletricidade renovável até 2030.
Desafio da transição energética
Em entrevista à rádio FranceInfo, a ministra da Transição Energética da França, Agnès Pannier-Runacher, pediu nesta sexta-feira que a empresa acelerasse o processo. Segundo ela, as empresas de petróleo e gás precisavam "se reinventar" e não teriam futuro a menos que pudessem mapear um caminho para abandonar os combustíveis fósseis.
- A Total investe em energia renovável, mas o desafio é ir mais rápido, mais forte e acima de tudo mais rápido - disse a ministra à rádio FranceInfo.
O CEO da petrolífera francesa disse aos acionistas que “o clima está no centro das nossas preocupações”, mas com o aumento da procura de petróleo, “se a TotalEnergies não responder (…) outros o farão”.
De acordo com a agência Reuters, os acionistas devem votar uma resolução pedindo cortes acelerados no programa de redução de emissões de gases de efeito estufa da petroleira francesa.
O grupo de ativistas climáticos Follow This e 17 investidores institucionais com um total de € 1,1 trilhão sob gestão propuseram a resolução.
O conselho da TotalEnergies se opõe à resolução, que exige que a empresa se comprometa com cortes absolutos de emissões mais acentuados até 2030.