Gaza recebe primeiro carregamento de ajuda humanitária após vários dias de bloqueio
De acordo com jornalistas da AFP, os disparos de artilharia e os bombardeios continuam no leste e no nordeste de Rafah. Duas pessoas foram mortas em um campo para pessoas deslocadas, segundo o hospital kuwaitiano da cidade
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Os combates entre Israel e Hamas continuam na Faixa de Gaza, que após vários dias de bloqueio recebeu mais de 300 caixotes de ajuda humanitária através do cais temporário instalado pelos Estados Unidos na costa do território palestino, informou o Exército israelense neste sábado (18), acrescentando que repatriou o corpo de um refém israelense encontrado em Gaza.
No oitavo mês de guerra contra o movimento islamista palestino, as forças israelenses anunciaram neste sábado que haviam "eliminado cerca de 50 terroristas e localizado dezenas de túneis" no leste de Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, onde suas tropas entraram em 7 de maio.
"Centenas de infraestruturas terroristas foram destruídas", incluindo "instalações de produção de armas e locais de lançamento prontos para uso", acrescentaram.No norte de Gaza, correspondentes da AFP, testemunhas e médicos relataram combates pesados durante a noite no campo de refugiados de Jabaliya.
No início de janeiro, Israel anunciou que havia desmantelado a estrutura de comando do Hamas no norte do território, mas na sexta-feira o Exército disse que o movimento palestino estava no "controle total" de Jabaliya quando chegou "há alguns dias".
Além disso, o Exército israelense ainda anunciou neste sábado que repatriou o corpo de um israelense encontrado na Faixa de Gaza, para onde havia sido levado em 7 de outubro após ser morto em um ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel.
O corpo de Ron Benjamin, 53 anos, foi encontrado junto com os de três outros reféns - Shani Louk, Amit Buskila e Itzhak Gelerenter - cuja repatriação foi anunciada na sexta-feira, disse o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.
"Dezenas de pessoas morreram como mártires e centenas ficaram feridas" no campo de Jabaliya, disse o Hamas neste sábado, acusando o Exército israelense de "destruir prédios residenciais (...) e atacar escolas e abrigos".
O braço armado da Jihad Islâmica Palestina, as Brigadas Al Quds, alegou ter atacado um centro de comando israelense em Jabaliya e disparou uma barragem de foguetes contra a cidade de Ascalon, no sul de Israel.
- Mais de 300 caixotes de ajuda -
A guerra estourou em 7 de outubro, quando comandos islamistas do Hamas realizaram um ataque no sul de Israel, matando mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Mais de 250 pessoas foram capturadas e 125 continuam sequestradas em Gaza, das quais acredita-se que 37 tenham sido mortas, de acordo com o exército.
Até o momento, 35.386 palestinos, principalmente civis, foram mortos na vasta ofensiva de retaliação lançada por Israel, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007.
Depois de meses de bombardeios e operações que devastaram o norte e o centro da Faixa de Gaza, Israel destacou na quinta-feira sua intenção de "intensificar" sua ofensiva terrestre em Rafah para aniquilar os últimos batalhões do Hamas, apesar dos temores da comunidade internacional em relação à população civil.
Além da ofensiva, os habitantes de Gaza estão enfrentando escassez de suprimentos devido ao cerco de Israel.
Neste sábado, "mais de 300 caixotes" foram descarregados por meio de um cais flutuante temporário instalado pelos EUA, disseram os militares israelenses em um comunicado.
Por sua vez, o movimento islamista palestino disse que "nenhuma rota de transporte de ajuda, incluindo a doca flutuante, constitui uma alternativa às rotas sob supervisão palestina".
Esse primeiro carregamento ocorre após vários dias de bloqueio à entrada de ajuda humanitária em Gaza, onde a ONU alerta para o risco de fome.
Espera-se que cerca de 500 toneladas de ajuda cheguem ao território palestino nos próximos dias.
- 800.000 desabrigados -
Treze países, incluindo o Reino Unido, a Alemanha, a França, o Canadá e o Japão, pediram a Israel que não lançasse uma ofensiva em grande escala em Rafah, descrita pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como "decisiva".
Eles também pediram que a ajuda fosse deixada "através de todos os pontos de passagem de fronteira relevantes, incluindo Rafah", que foi fechada desde que as tropas israelenses entraram na cidade.
As entregas também estão seriamente prejudicadas no lado israelense nas passagens de fronteira Kerem Shalom e Erez.
Os Estados Unidos, um importante aliado israelense que também se opõe a uma ofensiva em Rafah, anunciou uma visita a Israel no domingo pelo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Desde que o Exército ordenou que os civis evacuassem os setores orientais de Rafah, em 6 de maio, 800.000 pessoas "foram forçadas a fugir" da cidade, informou a Agência da ONU para Refugiados (UNRWA) nESTE sábado.
Antes da operação, estima-se que 1,4 milhão de habitantes de Gaza estavam aglomerados em Rafah, deslocados de outras partes do território, que abriga 2,4 milhões de pessoas.