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EUA

Gênero, aborto e invasão do Capitólio: veja sites que saíram do ar após posse de Trump

Menos de uma semana após assumir a Presidência, administração do republicano já implementou uma série de decretos que ilustram contraste com gestão anterior

Donald Trump, durante discurso em que reconheceu vitória na FloridaDonald Trump, durante discurso em que reconheceu vitória na Florida - Foto: Chip Somodevilla / AFP

Desde que teve início na segunda-feira, a administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já implementou uma série de decretos que visam introduzir sua agenda de costumes e se distanciar da gestão anterior.

Como resultado, uma série de sites já começaram a “desaparecer”: saíram do ar páginas que vão desde a área de perguntas sobre gênero no site do Departamento de Estado americano até portais do governo com informação sobre direito reprodutivo e o histórico da investigação do FBI sobre a invasão do Capitólio.

Após afirmar que, durante seu governo, “só existirão dois gêneros: masculino e feminino”, uma página informativa que ajudava pessoas a solicitar ou atualizar passaportes dos EUA respondendo a perguntas sobre gênero parece ter sido removida do site do Departamento de Estado americano, publicou a BBC nesta quarta-feira.

A página, que anteriormente indicava que os solicitantes poderiam selecionar “masculino (M), feminino (F), ou não especificado ou outra identidade de gênero (X)” como marcador no passaporte foi retirada do ar.

Além dela, o site ReproductiveRights.gov, criado como recurso para mulheres em busca de informações sobre saúde reprodutiva e direitos ao aborto, foi retirado do ar. Lançado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, em inglês) durante o governo do democrata Joe Biden, o site fazia parte de uma iniciativa para conscientizar o público — e fornecia orientações detalhadas sobre o acesso ao aborto, além de um guia informativo chamado “Conheça os seus direitos”.

Criada após a decisão da Suprema Corte de revogar o caso Roe v. Wade em 2022, que garantia o direito ao aborto nos EUA com base no direito da mulher à privacidade, o site destacava que, “embora Roe tenha sido derrubado, o aborto continua legal em muitos estados, e outros serviços de saúde reprodutiva permanecem protegidos pela lei”.

Segundo relatos de defensores da causa nas redes sociais e conforme publicado pela CBS News, a plataforma teria sido derrubada poucas horas após Trump assumir a Presidência, ainda na segunda-feira.

Durante a campanha, a questão do aborto foi um tópico sensível para Trump, com o republicando dando sinais mistos. Em setembro, ele chegou a mudar sua posição sobre o tema pelo menos quatro vezes.

Naquele mês, disse que votaria a favor da expansão da garantia legal ao aborto na Flórida para até 24 semanas de gravidez. Depois, voltou atrás, afirmando que faria o oposto. Disse ainda que o período de quatro semanas para a permissão do aborto era “curto” e que não assinaria o decreto federal para proibir a interrupção da gravidez.

Apesar disso, o republicano também atribuiu a si o crédito pela decisão da Suprema Corte de derrubar os direitos ao aborto protegido em nível federal, embora também tenha defendido que os estados devem decidir “suas próprias políticas de aborto”. Ainda segundo pesquisa da CBS News, a maior parte dos americanos (60%) acredita que o aborto deveria ser legal no país.

Invasão do Capitólio
Entre os outros “desaparecimentos” registrados após a posse de Trump estão as menções à investigação do FBI sobre o motim de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, quando uma multidão pró-Trump que buscava interromper a contagem dos votos do Colégio Eleitoral invadiu o prédio para impedir a certificação da vitória de Biden nas eleições.

Conforme a BBC, registros da maior investigação da História da agência americana parecem ter sido apagados do site do órgão nesta semana.

Na sua primeira noite no cargo, Trump concedeu liberdade a mais de 1,5 mil condenados pela invasão, a quem chamou de “reféns”. O republicano também comutou as sentenças dos grupos extremistas Oath Keepers e Proud Boys, condenados por conspiração sediciosa, cujos líderes foram condenados com algumas das penas mais altas envolvendo o ataque ao Legislativo.

Desde então, informações gerais no site do FBI sobre a investigação, bem como notícias sobre pessoas presas e apelos por informações sobre suspeitos desapareceram.

Um porta-voz do FBI afirmou à NBC News que os sites “não estão mais ativos”. Questionado sobre o motivo da remoção ou quem teria ordenado a ação, o FBI não forneceu explicações.

Constituição dos EUA e versão em espanhol
Uma página do site da Casa Branca que explicava a Constituição dos Estados Unidos também não está mais disponível desde que Trump assumiu a Presidência, embora um porta-voz do governo tenha indicado que o erro era temporário e que ocorreu por “ajustes” no site.

Mensagens de “erro” também estão presentes em páginas que anteriormente continham biografias de ex-presidentes americanos como Abraham Lincoln (1861-1865), Jimmy Carter (1977-1981), Ronald Reagan (1981-1989) e Barack Obama (2009-2017).

“É o segundo dia [do governo Trump]. Estamos no processo de desenvolver, editar e ajustar o site da Casa Branca. Como parte desse trabalho contínuo, parte do conteúdo arquivado no site ficou inativo. Estamos comprometidos em recarregar esse conteúdo em um curto espaço de tempo”, disse o principal vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Harrison Fields, em comunicado à agência americana Associated Press na terça-feira. O governo também pediu paciência enquanto desenvolve o novo site.

A nova administração ainda retirou do ar a versão em espanhol do site oficial da Casa Branca. O perfil em espanhol do X da Casa Branca, @LaCasaBlanca também foi removido. Grupos de defesa hispânicos e outros expressaram confusão com a mudança abrupta e frustração com o que alguns chamaram de falta de esforços da administração para manter a comunicação com a comunidade latina, o que ajudou a impulsioná-lo à Presidência, publicou a AP.

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